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“TEM SIDO UM TRABALHO ÁRDUO – CHEGO CEDO, VOU EMBORA TARDE, MAS É GRATIFICANTE”

Maria Flor – Secretária Municipal de Assistência Social

O Jornal nos Bairros realizou, nesta semana, uma entrevista com a cientista política Maria Flor, atual secretária de Assistência Social de Navegantes – secretaria responsável pelo atendimento de mais de 4 mil famílias, fora os atendimentos especializados nos centros vinculados à pasta. Há quase três meses frente à secretaria, ela abordou temas como o trabalho que vem sendo realizado, assistencialismo X política de assistência social e sobre os órgãos atrelados (CRAS, CREAS e Instituição de Acolhimento).

Acompanhe a entrevista na íntegra.

Jornal nos Bairros: É a segunda vez que você assume a pasta da Secretaria de Assistência Social. De lá para cá, houve muitas mudanças na gestão da Assistência Social?

Maria Flor: Sim. Eu iniciei na secretaria como diretora e depois passei a ser secretária, fiquei fora da secretaria durante 5 anos e de lá para cá houve muitas mudanças. Destaco, que a assistência social como secretaria iniciou com o então secretário de Bem Estar Social, o nosso atual prefeito Roberto. O que era um trabalho mais assistencialista passou a ser executado como política de atendimento socioassistencial, com a oferta de vários programas e serviços para a comunidade. Hoje a assistência social no nosso município trabalha realmente com as famílias, fortalecendo vínculos e buscando atuar na raiz dos problemas apresentados, através de uma equipe técnica multidisciplinar e do trabalho em rede com as demais secretarias do município.

JB: Para você, qual é o maior desafio?

M.F: Em minha opinião, o maior desafio para todos os municípios é que a assistência social passe a ser vista como uma área estratégica na gestão municipal, como a saúde e a educação têm destaque hoje. Trazendo para Navegantes, acredito que o maior desafio da Assistência Social seja a promoção de políticas públicas de fortalecimento da nossa população, que ainda se encontra em vulnerabilidade social, que precisa de estímulos e condições para se capacitar, acompanhando o desenvolvimento econômico pelo qual Navegantes vem vivendo.

J.B: Como tem sido o trabalho e quais as ações que foram tomadas nesses dois primeiros meses que você está à frente da Secretaria?

M.F: Tem sido um trabalho árduo – chego cedo, vou embora tarde, mas tem sido gratificante. Assumimos a secretaria muito bem gerida, contudo por ser uma politica de atendimento continuado, estamos administrando novos programas e novos serviços, que requerem constantes modificações e ampliações das equipes técnicas, para que tudo seja efetivado com qualidade no nosso município. Posso citar a ampliação da equipe do CREAS e o reordenamento dos serviços oferecidos pelo CRAS do bairro São Paulo. Além de um atendimento mais especializado junto aos Conselhos pertinentes à área da assistência, com a criação da secretaria executiva, com uma servidora de nível superior, como prevê a legislação. Destaco ainda o replanejamento das ações do Cadastro Único para Programas Sociais – CadÚnico,  com a renovação da equipe, assim como um trabalho integrado com as secretarias de saúde e educação, para otimizar as informações aos usuários e acompanhamento dos programas.

J.B: Você falou que a Secretaria vem trabalhando não apenas com o assistencialismo, mas também com formas de melhorar a qualidade de vida das pessoas mais carentes. Fale um pouco sobe essas ações.

M.F: Temos um programa que acontece na secretaria desde a minha primeira gestão, quando o prefeito Roberto era o secretário e eu a diretora da assistência, que são os cursos do Programa de Trabalho de Renda. Esse programa foi criado para atender os usuários do CadÚnico, na época em que não existiam os atuais programas do Governo Federal, como o Pronatec – Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego. Estes servem como alavancadores do empreendorismo social, já que muitos homens e mulheres montaram seus negócios a partir dos cursos que são hoje: artesanato, pintura, informática, cabelereiro, corte e costura e manicure. Atualmente, com a vinda do Pronatec para o nosso município, estamos oferecendo cursos já na área técnica e com um ótimo grau de qualificação – parceria com SENAI, SENAC e SENAT, acompanhando a evolução econômica do município. Estamos sempre em busca de mais oportunidades e parcerias para serem oferecidos aos nossos usuários da rede de atendimento.

J.B: Em sua opinião, o trabalho realizado pelo Centro de Referência em Assistência Social – CRAS do bairro São Paulo tem contribuído para a melhoria da qualidade de vida das pessoas daquele bairro? Por quê?

M.F: Com certeza. O CRAS faz o atendimento preventivo dos problemas sociais das nossas comunidades. O prefeito Roberto tem sido muito parceiro, nos apoiando na solução das demandas que surgem. Pontualmente hoje atendemos o bairro São Paulo, porém em um futuro bem próximo estaremos atendendo também a comunidade do bairro Nossa Senhora das Graças, que deve ganhar o novo CRAS dentro do Centro Unificado das Artes e dos Esportes. No bairro São Paulo, o trabalho consiste numa oferta de serviços continuada, onde a equipe técnica, composta por uma assistente social, uma psicóloga e uma coordenadora, trabalham o fortalecimento de vínculos familiares. Destaco que houve uma mudança na oferta desses serviços. Antes atendíamos com os programas PETI e Projovem Adolescente, que foram reordenados e transformados, de programas para serviços de atendimento continuado. Hoje trabalhamos com o SCFV – Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos.

J.B: A implantação do CREAS – Centro de Referência Especializado em Assistência Social foi importante para as ações em prol dos indivíduos com direitos violados?

M.F: Sim, o CREAS oferta serviços de proteção e atendimentos especializados a famílias e indivíduos e serviço especializado para pessoas em situação de rua, pessoas com deficiência, idosos e suas famílias bem como as medidas socioeducativas, liberdade assistida e prestação de serviço à comunidade. Atualmente, a equipe do CREAS é composta por duas psicólogas, duas assistentes sociais, três educadores sociais, um advogado e uma pedagoga que coordena os trabalhos. Temos um trabalho efetivo com pessoas com direitos violados, no que diz respeito à violência física, psicológica ou sexual contra crianças, adolescentes, mulheres e idosos.

J.B: Qual o trabalho desenvolvido hoje com os indivíduos em situação de rua?

M.F: A equipe técnica do CREAS, responsável pela abordagem social, atende a denúncias da comunidade e trabalha com rondas diárias. Identificada a situação, os indivíduos, desde que aceitem a abordagem – isso é importante dizer – são trazidos para a sede do CREAS. Lá é realizada uma triagem para encontrar a solução para o problema dela. Alguns são encaminhados para as suas cidades de origem ou para as suas famílias, contatadas no momento do atendimento pelo CREAS, caso sejam moradores do município. Em alguns casos, o apoio da Polícia Militar é de estrema importância e necessidade. Para se ter uma ideia, só no último mês (março), foram atendidos 32 indivíduos em situação de rua pela equipe do CREAS. Também devemos iniciar um novo trabalho, o de abordagem social de crianças e adolescentes em situação de rua, através de um diagnóstico que levantará a atual situação do município quanto a este problema e posteriormente será elaborado um plano de ação para dar apoio a estas famílias vulneráveis.

J.B: O abrigo municipal, hoje chamado de Instituição de Acolhimento, vem procurado trabalhar com a família dos acolhidos no sentido de reintegrar a criança em um ambiente onde ela tenha os seus direitos respeitados?

M.F: Sim. Nosso objetivo maior é a proteção da criança e a reintegração às famílias de origem enquanto existir a possibilidade, considerando que o destino destas crianças passa também pelo judiciário, a partir do momento em que são acolhidas. Uma coordenadora, que é psicóloga por formação, uma pedagoga, uma assistente social e uma equipe de monitores conduzem o trabalho na instituição de acolhimento. A equipe técnica acompanha as famílias destas crianças acolhidas, trabalhando no sentido de oportunizar o fortalecimento delas, abordando os pontos de fragilidade e encaminhando para a rede de atendimento do município. Temos uma boa parceria com o Conselho Tutelar de Navegantes que tem colaborado muito com o trabalho nas famílias atendidas e,  iniciamos  também o Plano Politico e Pedagógico da instituição, com o apoio do Conselho da Criança e do Adolescente.

J.B: E para finalizar, quais são as suas próximas metas frente à Secretaria de Assistência Social?

M.F: Minhas metas são buscar, junto aos ofertantes, o aumento da quantidade de cursos de capacitação técnica, o PRONATEC, para oferecer ao nosso público alvo. Hoje estamos com 13 cursos. Estou também gestionando, junto ao Conselho de Assistência Social, implementar de maneira mais efetiva o Conselho da Mulher. O Conselho da Pessoa com Deficiência, que está em fase de criação, faltando apenas a indicação dos membros governamentais e não governamentais das entidades já previstas em lei própria. Outra meta é a criação de um fluxograma de atendimento para pessoas em situação de rua, envolvendo os vários entes da rede municipal, objetivando prevenir este problema social, que pode vir a se agravar se não trabalharmos, desde já, de maneira organizada.


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