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ITAJAÍ PROJETA CRESCIMENTO PARA OS PRÓXIMOS ANOS

Itajaí completa na próxima quinta-feira (15), 163 anos de emancipação político-administrativa. Apesar do pouco movimento de cargas conteinerizadas no Porto de Itajaí nos primeiros meses de 2023, o município continua muito bem no ranking das cidades que mais investem e geram empregos no Brasil. Para falar desses números positivos, o Jornal nos Bairros conversou com o secretário de Desenvolvimento Econômico, Thiago Morastoni.

Natural de Itajaí, Thiago Morastoni, 41 anos, é advogado especialista em direito tributário, especialista em direito constitucional, MBA em administração pública, gestão de cidades, mestre em gestão de políticas públicas pela Univali e mestre em gestão ambiental pela Universidade de Alicante (Espanha). Está no seu terceiro mandato de vereador. Além de secretário de Desenvolvimento Econômico, Morastoni é também secretário de Turismo de Itajaí.

Confira a entrevista na íntegra:

JB – Itajaí é a 27ª melhor cidade do Brasil no ranking divulgado pela Revista ISTO É e Austin Rating em 2022. O município também é o 7º do país em padrão de vida, o 8º em comércio exterior e o 10º em indicadores econômicos. De que forma a Secretaria pode ajudar a desenvolver ainda mais a economia de Itajaí?

Thiago Morastoni – Ao longo dos anos, Itajaí teve as suas administrações com erros e acertos, mas todas responsáveis com o desenvolvimento da cidade. A gente carrega características muito fortes da nossa economia, que são alicerçadas na economia do mar, especialmente na atividade portuária, ou seja, no porto, na pesca e na construção naval. Nós somos o segundo complexo portuário do Brasil, maior movimentador de cargas refrigeradas do país e o segundo em movimentação de contêineres. Responsável por 6% da balança comercial do país que passa por aqui, 70% da balança comercial do Estado, ou seja, uma série de serviços agregados. Não é somente o porto, mas terminais de uso privado, os recintos alfandegados, portos secos, áreas que fazem que a gente tenha esta robustez dentro deste pilar que é o porto. Nós somos o maior porto pesqueiro do Brasil em números de embarcações registradas, trabalhadores registrados, maior número de indústrias de processamento, que faz Itajaí ser a capital nacional da pesca.

A nossa construção naval vai desde a construção de embarcações de madeira, barcos de pesca, passando por plataformas offshore, embarcações de lazer, chegando até construção naval militar, de embarcações de alta tecnologia. Se a gente for falar da construção de barcos de lazer, a cada dez barcos produzidos no Brasil, sete saem de Itajaí, ou seja, a gente tem dentro desses três pilares, a grande estrutura econômica da cidade. Itajaí é 28ª economia do país, mas uma cidade com 292 mil habitantes pelo último censo. Se a gente fala de PIB per capita, nós somos uma cidade de referência no Brasil. Indo lá na tua pergunta inicial, como é que a prefeitura ajudaria isso acontecer? De duas maneiras muito especiais. A gente busca primeiro como poder público fazer os investimentos que são necessários. Nós temos mais de um bilhão de reais investidos em obras de infraestrutura, especialmente mobilidade urbana e macrodrenagem.

Tudo isso gera oportunidade para que o investidor venha para a cidade. Segundo ponto que é muito importante de ser frisado é a nossa política de benefícios fiscais. A cidade busca criar benefícios e condições tributárias, condições boas para que elas se tornem competitivas no mercado. Isso tudo pode ser resumido de uma maneira, a gente busca trabalhar o poder público e a iniciativa privada sempre juntos. De uma maneira reta, transparente, ética, entendendo quem desenvolve a cidade é a empresa, é o trabalhador, mas quem oferece as condições para que as empresas gerem empregos, gerem riquezas é o poder público.

JB – A prefeitura está para instalar um distrito de inovação na cidade. Como este distrito vai funcionar?

Thiago Morastoni – Nós estamos na fase de construção de um distrito de inovação, que eu considero um novo porto da cidade. Este distrito de inovação é uma área de dois milhões de metros quadrados localizado no bairro Itaipava, que vai ter ali empresas, universidades, residências, escritórios comerciais e indústrias limpas. Ele reúne o desenvolvimento de novos produtos, de novas tecnologias, de novos negócios, com o foco especialmente na economia sustentável.

Construção naval de Itajaí é destaque no Brasil na geração de empregos. Crédito: Prefeitura de Itajaí

JB – Uma das dificuldades para preencher uma vaga de emprego é a qualificação profissional. Como a Secretaria de Desenvolvimento Econômico pode ajudar a resolver essa demanda?

Thiago Morastoni – A gente tem aqui na Secretaria de Desenvolvimento Econômico, o Balcão de Empregos, que é um instrumento de criar a empregabilidade das pessoas. A gente conecta as vagas de empregos geradas com as pessoas que estão procurando uma oportunidade no mercado de trabalho. Daqui em diante você já tem o emprego acontecendo. Enquanto os outros não têm formalização do emprego pela falta de qualificação profissional. Aí é que entra a identificação que o mercado está oferecendo, onde que está a dificuldade de formação, de qualificação das pessoas para acessar essas vagas de trabalho e construindo junto com a Feapi (Fundação de Educação Profissional e Administração Pública de Itajaí), que é a nossa formação profissionalizante do município, com parceiros privados, constantes qualificações de mão de obra. Eu vou te dar um exemplo, que para mim foi muito simbólico, porque é um exemplo de costura, de costureira. Minha avó era costureira, minha avó é falecida, meu avô era alfaiate, uma profissão tão antiga, tão comum.

Chamava minha atenção que a gente tinha 60 vagas de costureira em aberto e essas vagas não eram preenchidas. A gente foi entender o mercado. As máquinas de costura hoje são diferentes das máquinas de costura de antes. Invés daquela singer que pisava no pedal, hoje são máquinas computadorizadas, são máquinas muito tecnológicas. Então o que a gente buscou? Buscou com as pessoas, quem é que já tinha pré-qualificação digamos assim, lá naquela máquina antiga, ou seja, quem é a pessoa que sabe costurar, quem é a pessoa que tem aptidão para isso. Trouxe ela para dentro desse mercado, qualificou para os novos equipamentos e essas pessoas passaram a ocupar as vagas de emprego. Então o nosso trabalho aqui na Secretaria de Desenvolvimento é também de buscar fazer a qualificação profissional, utilizando os nossos parceiros, tanto na vida administrativa pública quanto parceiros privados. Itajaí tem universidades, Itajaí tem excelentes escolas técnicas e Instituto Federal. A gente tem uma gama de instituições que podem trabalhar a qualificação profissional das pessoas para acessar o mercado de trabalho.

JB – Após a perda de linhas no ano passado, Itajaí começou o ano com o porto operando com pouca carga conteinerizada e isso ainda se reflete nestes primeiros meses do ano. Isso vai ter algum reflexo na economia do município em 2023?

Thiago Morastoni – Nós temos aí um contrato que venceu, um contrato de municipalização e um contrato de arrendamento do porto. Ambos os contratos venceram em dezembro do ano passado. O governo municipal desde 2017 vem trabalhando muito fortemente junto ao governo federal, na época ainda do presidente Michel Temer, posteriormente presidente Jair Bolsonaro, nos seus governos, para que se chegasse a uma definição rápida do que o porto precisaria. Ao longo dos últimos três anos, o governo federal entendia de uma maneira diferente, mas o grande problema foi que ele não conduziu o processo para que a gente tivesse a concessão do porto terminada em tempo. Em setembro do ano passado, o governo federal, vendo que não conseguiria concluir o leilão do porto, prorrogou por dois anos a autorização de municipalização e de arrendamento. A empresa concessionária, que é a APM Terminals, desde o princípio disse que não gostaria de ficar. Pagava um aluguel para uso dos berços de quatro milhões de reais por mês, ofereceu uma proposta para continuar pagando 500 mil reais por mês. O governo federal pediu para que se abrisse uma licitação.

Nós tivemos uma empresa vencedora, posteriormente houve uma mudança e a APM continuou seguindo com seus trabalhos. Esse contrato foi assinado em dezembro do ano passado, mas o fato é que a empresa não conseguiu até agora trazer contêineres para dentro do Porto de Itajaí. É preciso ficar claro uma coisa, quem coloca contêiner no pátio não é a prefeitura, não é a Superintendência do Porto, é a empresa operadora do porto, no caso aqui é a APM Terminals. Eu tenho acompanhado que está vendo um trabalho por parte da empresa neste sentido, mas o fato é que até agora não conseguiu colocar os contêineres dentro do Porto de Itajaí. Nós estamos trabalhando com cargas gerais, com veículos e com outras cargas. Economicamente afeta pouco.

Claro que qualquer pouco para gente sempre é muito porque a cidade que cresce e se desenvolve precisa de dinheiro, de recursos. Nossa economia está bastante diversificada. Nós não somos tão dependentes de uma fonte, que é a portuária, a gente tem outros pilares econômicos que dão essa sustentação. O fato é que o porto de Itajaí precisa de uma definição. Nós estamos indo para o sexto mês do governo Lula, ou seja, uma discussão que começou lá no tempo do presidente Temer, passou pelo tempo do presidente Bolsonaro, está no tempo do presidente Lula e ainda não chegou a termo. Isso é fundamental para que o Porto de Itajaí tenha um contrato de longo prazo, segurança jurídica, que viabilize um outro operador portuário que pode ser APM, pode ser qualquer um dos grandes operadores que temos no mundo. Isso que vai trazer carga para dentro do Porto de Itajaí, mas acima de tudo, isso que vai trazer os investimentos necessários para a operação portuária eficiente.

Melhores portainers, melhores equipamentos, tudo isso vai dar mais efetividade e velocidade para a operação portuária. Enquanto isso, a Prefeitura de Itajaí vem cumprindo com todo seu papel, desapropriando áreas, incorporando ruas para aumentar a área primária do porto, para quê? Para que quando a gente tiver esse novo modelo definido, o Porto de Itajaí vai acabar sendo basicamente um porto com o dobro do seu tamanho atual. Toda essa área da rua Blumenau, até a Caninana são áreas que serão incorporadas.

Para Thiago Morastoni, Itajaí tem tudo para sediar as próximas duas edições da The Ocean Race.

JB – Em 2023, Itajaí foi sede mais uma vez da The Ocean Race. Qual foi o impacto da regata na economia da cidade?

Thiago Morastoni – Nós realizamos este ano a quarta edição consecutiva da The Ocean Race. Em cada edição, a gente conseguiu fazer um evento maior e melhor. Um evento que foi abraçado pela nossa comunidade. Este ano, foram mais de 300 mil pessoas que passaram por aqui, movimentando pessoas, a gente movimenta o comércio, a gente movimenta a economia e o turismo. Nós tivemos durante o período, especialmente de finais de semana de feriados, lotação dos hotéis da cidade, incremento no consumo do comércio, dos restaurantes, do setor gastronômico, da hotelaria, ou seja, ele é um evento que além de carregar todas as características da cidade, movimenta a nossa economia.

Durante esse evento nós tivemos em torno de 600 e 700 trabalhadores diretos, em torno de 2 mil indiretos, 1.200 voluntários trabalhando diretamente no evento. É uma movimentação bastante grande. Esta quarta edição, em Itajaí, foi a maior de todas as quatro que nós fizemos e que certamente mais deixou impacto. Os dados finais, os números finais estão sendo compilados. Deve movimentar em torno de 120 milhões de reais, que ficaram na nossa economia regional. É um evento que embora esteja estabelecido em Itajaí, acaba movimentando toda a nossa região, rede hoteleira, gastronômica, equipamentos turísticos e é um incremento ao turismo de Itajaí, ao turismo da região e ao turismo de Santa Catarina.

Mais de 300 mil pessoas acompanharam a quarta edição da The Ocean Race em Itajaí. Regata injetou R$ 120 milhões na economia regional. Crédito: Ainhoa Sanchez / Volvo Ocean Race

JB – A prefeitura de Itajaí já negocia com a organização da The Ocean Race para que a cidade continue sendo uma das sedes do evento nas próximas duas edições, 2027 e 2031?

Thiago Morastoni – Eles (organização internacional) querem que o evento continue aqui em Itajaí por inúmeras razões. Entrega, segurança, qualidade de vida que se tem por aqui. Para você ter uma ideia, nós tivemos 26 dias de evento sem uma única ocorrência dentro da vila da regata. Então tudo isso faz com que os olhos da organização internacional brilhem quando se fala em Itajaí e aí chegando nos acordos contratuais, comerciais, a gente vai definindo os próximos eventos.

Estamos trabalhando muito forte para assinar o contrato ou, pelo menos, a carta de intenções, delineando todos os pontos principais deste contrato agora no mês de junho, em Gênova, na Itália, onde acontece a final da The Ocean Race, garantindo aqui para Itajaí as duas próximas edições, 2027 e 2031.


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