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PRÉ-CANDIDATA A VEREADORA MARIA FLOR DEFENDE MAIS MULHERES NA POLÍTICA

Maria Flor pré-candidata a vereadora por Navegantes

Jornal nos Bairros de Navegantes entrevistou, nessa semana, a pré-candidata a vereadora Maria Flor. Filha de marceneiro aposentado e de uma dona de casa, divorciada e mãe de dois filhos, aos 57 anos de idade se formou em Direito, embora já fosse pós graduada em Comunicação e graduada em Ciência Política. Como mulher e chefe de família, defende o maior número de mulheres na política. Confira a entrevista na íntegra.

Jornal nos Bairros: Você trabalhou com costura muitos anos antes de seguir carreira no setor público. O que isso te ensinou?

Maria Flor: Na verdade comecei a trabalhar muito cedo na antiga ANABEN e aos 18 anos, eu já era professora no município e no Estado. Era difícil conciliar trabalho, estudo e família. Muito jovem, sem experiência, casada e com dois filhos menores, optei pela família. Mas precisava continuar tendo uma certa autonomia financeira. Foi muito duro largar um curso superior de Educação Artística, um concurso no Estado como professora, voltar para casa, e começar tudo outra vez.  Então, como eu sabia costurar, resolvi empreender e abri uma sala de costura em casa. Fui costureira por 16 anos e me orgulho desse momento.

“Eu senti na pele as dificuldades que a maioria das mulheres que querem se destacar na vida profissional sofre”

Maria Flor, pré-candidata a vereadora

Pressão familiar, divórcio, preconceito do grupo social em que eu estava inserida e dificuldades financeiras quando sonhei em conciliar trabalho, estudo e família. Essa experiência que eu vivi, me fez entender, como gestora pública, o quanto é importante oferecer novas oportunidades para mulheres que passam pelas mesmas dificuldades que eu passei.

JB: O que te impulsionou a seguir esse caminho?

Maria Flor: Desde muito cedo, sempre gostei do trabalho comunitário e principalmente de política. Observava meu pai e minha mãe que sempre ajudaram voluntariamente, na igreja e na escola. Me interessavam as notícias políticas da cidade, gostava de ler tudo que se referisse ao tema. Com o casamento, pude me aproximar e entender os processos políticos e governamentais do município porque acompanhava e frequentava a câmara de vereadores, na década de 90. Uma coisa que sempre me chamava atenção era a pouca participação de mulheres em cargos de ponta e decisão no governo do município. Decidi, já naquela época, estudar e compreender esses processos e essas dificuldades estruturais que impediam boa parte das mulheres de atingir seus objetivos profissionais e políticos. Recebi convite para ingressar novamente no serviço público, me graduei em Ciência Política, fiz pós-graduação em Comunicação e, recentemente, me formei em Direito, para contribuir de maneira mais objetiva e eficaz na elaboração de políticas públicas assertivas, abrindo assim caminhos e novas oportunidades para outras mulheres e suas famílias.

JB: O que você acha da representatividade da mulher na política atualmente?

Maria Flor: Em se tratando de Navegantes, no Legislativo essa representatividade não avançou. Não temos mulheres com mandato na câmara de vereadores atualmente, e quando tivemos, tal representatividade nunca passou de uma mulher com mandato efetivo e algumas suplências esporádicas. No executivo municipal, essa representatividade só se faz presente em algumas secretarias. Precisamos melhorar muito ainda para que haja um equilíbrio maior na promoção social e de políticas de gênero. Hoje temos mulheres com experiencia e formação técnica bastante elevadas em nossa cidade, dispostas a ocupar espaços de decisão política. Esse é assunto polêmico, que requer reflexão das demais mulheres e de homens com olhares para a inovação e para mudanças estruturais na nossa sociedade.

JB: Na sua opinião, por que a mulher ainda não é levada a sério na política?

Maria Flor: Eu não diria que a mulher ainda não é levada a sério na política. Esse é um discurso muito convenientemente explorado por uma sociedade ainda machista, que não quer deixar a mulher ser vista como uma pessoa igual em conhecimento, competência e capacidade técnica, muitas vezes até maior e mais inovadora que a de um colega seu, de mandato ou de trabalho. Essa velha história, de que mulher não vota em mulher está ultrapassada. Defendo uma sociedade de oportunidades iguais para homens e mulheres. Indo um pouco além do cenário da política, um exemplo são as diferenças salariais. Muitas vezes, para executar o mesmo trabalho, uma mulher recebe muito menos do que um homem. Eu mesma já passei pela experiencia, anos atrás.

JB: Você considera que uma maior representatividade feminina nos poderes legislativo e executivo faria a diferença? 

Maria Flor: Tenho total convicção disso. Se somos iguais perante a lei, homens e mulheres, se temos as mesmas obrigações sociais e legais, temos que ter as mesmas oportunidades de elaborar lado a lado com os homens, políticas públicas de maior eficiência, que impactem na economia e no cenário social da nossa cidade. Acredito que quando a mulher se faz presente no legislativo ou outro setor decisório, o olhar para políticas públicas de educação, saúde e assistência é ampliado. E se você tem políticas eficientes nesses setores, você resolve boa parte das questões de segurança e reduz significativamente demais problemas no município.

JB: Historicamente, a mulher conquistou o direito a estudar, a trabalhar, direito ao voto. Atualmente, quais são as causas que ainda é preciso lutar?

Maria Flor: A mulher veio conquistando direitos ao longo do tempo, mas a custo de muitas lutas, de muito sofrimento e ainda muito preconceito, que por vezes as pessoas esquecem. Quando a nossa Constituição diz que somos iguais perante a lei, mas nós mulheres ainda precisamos de cotas partidárias, para garantia de nossa participação na política, quando ainda precisamos de leis especiais para a proteção da nossa integridade física ou da nossa privacidade, como as leis Maria da Penha, lei Carolina Dieckmann ou a lei contra o Feminicídio, que ainda encontra críticos, você percebe que ainda é preciso lutar muito. Eu não apontaria causas específicas para lutar, mas resumiria na conquista de uma maior participação da mulher nas searas de poder e decisões estratégicas, que acontecem nas arenas do legislativo, do executivo e até do judiciário. Lá é que são produzidas as leis e normativas que vão reger nossa sociedade e, consequentemente, os avanços ou retrocessos estruturais dela. Lutar sim por um número maior de mulheres vereadoras, prefeitas, deputadas, governadoras, senadoras e assim poderemos produzir mais equidade, mais equilíbrio econômico, social e de gênero.

JB: As políticas públicas voltadas para as mulheres são eficientes na sua opinião?

Maria Flor: Se efetivadas são eficientes sim na prevenção, na proteção e no empoderamento das mulheres. Quem trabalha com gestão pública, sabe que o PPA é um dos documentos mais importantes de um governo, nele são alocados os percentuais em recursos financeiros para determinadas áreas importantes de uma gestão. Vou dar um exemplo concreto, na hora da aprovação de um PPA, por exemplo, em uma câmara de vereadores composta exclusivamente por homens, dificilmente esse tipo de política pública será considerada prioridade. Com baixa execução orçamentária na área dessas políticas de proteção e empoderamento, voltadas para as mulheres, a eficiência acaba sempre comprometida.

JB: Em tempos de pandemia, a mulher além de todas as atribuições que já possuía – ser esposa, mãe, trabalhadora – agora ainda tem que ser professora dos seus filhos. As mulheres têm o dom de se adaptar e fazer milhares de coisas juntas. Essa proatividade é o diferencial para que as mulheres conquistem o seu espaço?

Maria Flor: Essa pandemia alterou a rotina de todos. Mas as mulheres sempre tiveram essa capacidade de interagir em várias frentes ao mesmo tempo. Isso se dá em razão dos vários papéis e atribuições a qual a maioria de nós é submetida, mesmo dentro das nossas famílias. No entanto fomos além, fomos trabalhar e estudar. Quantas de nós já passamos pela experiência de chegar em casa do trabalho e iniciar uma segunda jornada, organizando a casa e auxiliando nas tarefas escolares para o dia seguinte. E sem que houvesse pandemia. Nesse sentido, as mulheres acabaram desenvolvendo esse protagonismo quase que por instinto, sendo muito assertivas enquanto gestoras. Essa proatividade é o que nos leva a ocupar espaços de decisão no mundo político ou empresarial. Esse é um movimento que já está incorporado na rotina de todas as mulheres, ou seja, somos capazes e assertivas e não podemos mais continuar sub-representadas na sociedade e na política.


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