Por Rogério Pinheiro
Navegantes comemorou 61 anos de emancipação político-administrativa de Itajaí. Em seis décadas, a cidade se transformou, principalmente nos últimos 20 anos. Um dos setores que mais cresceu foi o comércio. Antes totalmente dependente de Itajaí para tudo, o comércio de Navegantes comemora também sua emancipação com a expectativa de crescimento depois de um período de incertezas provocadas pela pandemia e as últimas eleições.
— O comércio hoje já superou, inclusive já tem um crescimento anual de 5 a 7% em relação à pandemia e a cada ano vem crescendo. A gente sofreu um pouquinho com a mudança de governo. As pessoas ficaram indecisas, a taxa de juros estava alta e a tendência era baixar e não baixou. O mercado estava inseguro, mas está se estabilizando — avalia o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Navegantes, Cláudio Jesus Cotienschi.
Para seguir crescendo, Cotienschi defende uma taxa básica de juros (Selic) bem menor do que a atual. No começo de agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a Selic de 13,75% para 13,25% ao ano. Apesar da redução de 0,5%, ainda está longe da taxa de juros ideal.
— A carga tributária sempre foi alta. A gente paga muitos impostos. A questão do impacto no comércio, é a taxa de juros. O empresário não consegue pegar dinheiro emprestado com essa taxa de juros, não é viável. O mercado está parado. Ninguém está tomando dinheiro emprestado para investir. Se a taxa de juros baixasse, o empresário iria contratar mais, iria investir mais. O mercado está parado — critica.
Para o presidente da CDL, um ponto positivo no comércio navegantino é que ele não é mais tão dependente do comércio de Itajaí.
— Já caiu muito. Poucas pessoas têm esse costume de comprar em Itajaí. O que tem Itajaí tem aqui, as lojas de eletrodomésticos. Tudo tem aqui, calçados, roupas, confecção. Navegantes tem um ramo muito bom de lojas que compete com Itajaí. As pessoas estão mudando aquele conceito de comprar. Muitas lojas estão vindo para o município. A CDL também faz esse trabalho de conscientização, para que as pessoas consumam aqui no município — explica.
Qualificação de mão de obra
Apesar de criar muitas vagas de emprego, o setor, segundo Cotienschi, enfrenta dificuldade em contratar.
— O comércio representa hoje entre 30 a 40% da mão de obra. Nós temos um grande problema, não só Navegantes, vamos falar em nível de estado, Brasil, que é a mão de obra qualificada. Há muita oportunidade de emprego e pouca mão de obra qualificada. A gente tem que trabalhar muito esse lado da qualificação da mão de obra. A oferta de emprego é bastante, falta qualificação da mão de obra. O ano todo o comércio está contratando — reforça.
Ele classifica os investimentos no Aeroporto Internacional de Navegantes e a duplicação da BR-470 como importantes para alavancar o comércio navegantino.
— Navegantes ganha muito com o aeroporto e Navegantes é um ponto estratégico de logística. Isso também atrai muitas empresas e acaba gerando empregos na cidade. É muito importante o aeroporto na cidade. Eu tenho batalhado também para que saia logo essa duplicação, porque temos um aeroporto, um porto e não temos uma rodovia que poderia ter um fluxo muito melhor. Facilitaria muito mais a entrada e saída no município — comenta.
Calçadão da avenida João Sacavém
Cotienschi falou sobre a reurbanização da avenida João Sacavém e o projeto de transformar a principal via comercial de Navegantes em calçadão, como é hoje a rua Hercílio Luz, em Itajaí.
— Há um ano atrás, conversamos com o prefeito, tivemos uma reunião na CDL a respeito da João Sacavém (avenida). Foi feito um projeto com calçadão, um projeto até fantástico e infelizmente as próprias pessoas do comércio, que são proprietárias de estabelecimentos, acharam que não ia trazer resultado. Então, houve muitas críticas e aí o prefeito acabou desistindo do projeto. Houve resistência por parte dos comerciantes. Muita gente achou legal o projeto e muita gente discordou — lamenta.
A reurbanização da avenida João Sacavém não saiu do papel, mas as obras de infraestrutura no centro de Navegantes continuam a todo vapor. O presidente da CDL elogiou o prefeito de Navegantes, Libardoni Fronza, o Liba, pelas obras, que segundo ele não chegam a impactar o comércio da cidade.
— O prefeito está de parabéns pelo trabalho que está fazendo porque obra enterrada ninguém vê, está enterrando fios, está trazendo asfalto e isso é necessário, faz parte do crescimento do município. Se tiver algum impacto, não é tão grande e são obras que vêm trazer muitos benefícios — defende.
Com a expansão do comércio para outras ruas e avenidas do município, ele acredita que a avenida João Sacavém não deva ser a principal via comercial de Navegantes nos próximos anos.
— Navegantes é uma cidade muito espalhada. Nós temos aí a João Sacavém, a Conselheiro João Gaya (avenida), Nereu Liberato Nunes (avenida), Francisco José Laurindo (rua), Gravatá, a própria Prefeito José Juvenal Mafra (avenida). Então tem muito comércio espalhado, isso acaba segurando as pessoas nos bairros, comprando nos seus próprios bairros. A João Sacavém aos poucos vai ser uma via de passagem e o comércio ali é capaz de enfraquecer muito por causa dessas outras ruas, que podem ter um estacionamento melhor ou com ruas transversais para estacionamento. Isso vai tirar um pouco o foco da João Sacavém — argumenta.
Para Cotienschi, a inovação também é importante para manter o comércio navegantino em crescimento.
— O comércio hoje tem que estar sempre inovando. Hoje se depende muito de redes sociais, instagran, facebook, para divulgar o seu comércio e poder alavancar cada vez mais as vendas. A inovação tem que estar sempre à frente do comércio para você poder chamar o cliente. Hoje se trabalha muito com delivery, entrega, isso ajuda muito você alavancar as vendas — conclui o presidente da CDL de Navegantes.
