Lançado ao mar em janeiro de 1965, o Revesbydyke naufragou em frente à praia de Cabeçudas, em setembro do mesmo ano.
Na manhã do dia 2 de setembro de 1965, os moradores de Navegantes e Itajaí acordaram com a notícia de que um navio havia encalhado na entrada da barra. O navio era o Revesbydyke, que transportava um carregamento milionário de madeira para a Inglaterra. Após alguns dias, o navio acabou desencalhado e rebocado até a enseada da praia de Cabeçudas, em Itajaí, onde está até hoje. Apesar do susto, a tripulação do Revesbydyke foi salva.
O navio inglês saiu do porto de Itajaí em uma quinta-feira, por volta das 7h, com destino ao porto de Great Yarmouth, na Inglaterra. Lançado em janeiro de 1965, o Revesbydyke fazia a sua segunda viagem. O navio, com 85,5 metros de comprimento, transportava uma carga de 3. 200 metros cúbicos de pinho de araucária. O carregamento estava avaliado na época em 400 milhões de cruzeiros, equivalente hoje a mais de R$ 2 milhões.
A viagem do cargueiro não durou muito. Ao sair da barra, uma onda fez a embarcação adernar e encalhou em seguida perto do molhe de Navegantes. Com o movimento brusco, os cabos de aço arrebentaram e uma parte da carga caiu no rio e a outra ficou espalhada pelo convés. Com o movimento, os porões do navio ficaram inundados.
Para complicar ainda mais a situação, o comandante Edgar Stanley Collins precisou ser convencido a abandonar o barco, já que ele insistia em afundar com o navio. Toda a tripulação escapou nadando para as praias da Atalaia, em Itajaí, e Pontal, em Navegantes.
O Revesbydyke ficou encalhado durante toda a quinta e sexta-feira, dias 2 e 3 de setembro de 1965. Nesses dois dias, a entrada do canal de acesso ao porto de Itajaí ficou fechada. Para tentar desencalhar o navio, parte da madeira foi lançada ao mar, mas mesmo assim o Revesbydyke não saiu do lugar. No sábado, dia 4, o rebocador Tridente, da Marinha de Guerra do Brasil, conseguiu enfim desencalhar o Revesbydyke, como noticiou o jornal “A Tribuna”, de 9 de setembro de 1965.
“O navio mercante Revesbydyke, que se encontrava encalhado à entrada do porto de Itajaí, foi desencalhado e rebocado para o interior da enseada de Cabeçudas, onde afundou rapidamente devido às rachaduras na antepara do pique-tanque e no costado da praça de máquinas, permanecendo acima d’água, a proa e a superestrutura da popa.”
Nos dias que seguiram o encalhe, uma corrida em busca da madeira se formou. Dezenas de embarcações e centenas de pessoas nas praias das duas cidades recolhiam as tábuas de pinho. Muita dessa madeira foi devolvida, enquanto outras foram parar nas casas dos moradores de Navegantes e Itajaí.
Condenado, o Revesbydyke foi colocado à venda. A notícia saiu na edição do dia 16 de outubro de 1965, do periódico “O Jornal”.
“Está à venda o cargueiro inglês Revesbydyke, que se acha no fundo do mar, partido ao meio. O edital divulgado pelos armadores do Revesbydyke garante que a bordo estão instrumentos de navegação e muitos utensílios, podendo ainda o casco servir de sucata.”
Comandante e imediato foram responsabilizados
Depois de cinco anos, o Tribunal Marítimo Brasileiro encerrou o processo que investigou o encalhe do Revesbydyke. O comandante Edgar Stanley Collins e o imediato Anthony F. Withington foram responsabilizados pelo acidente. O Tribunal Marítimo alegou que os dois agiram com imperícia no carregamento do navio. Eles ficaram proibidos de exercerem suas funções em águas brasileiras durante dois anos, além do pagamento das custas processuais.
Apesar de grande parte carga da madeira ter sido retirada, o restante de pinho de araucária ficou ainda nos porões do navio, que foi retirado na década de 1990 por mergulhadores para fabricação de cabos de vassoura. O Revesbydyke levava também tanques de óleo diesel, que seriam usados para viagem ao Reino Unido. Nenhum jornal da época noticiou o vazamento de combustíveis e a suspeita é que esses tanques cheios de óleo diesel estejam ainda, no fundo do mar, como a história do Revesbydyke.
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