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O navegantino que ajudou a montar escultura gigante em Nova Iorque

Paulo ajudou a montar as peças feitas no estaleiro de Navegantes em Nova Iorque. Crédito: Paulo César Gralik

Por Rogério Pinheiro

Na edição anterior, a coluna “Outros quinhentos” contou a história da obra de arte feita no estaleiro Catarina Yachts de Navegantes. A escultura foi exibida em um dos maiores museus do planeta, o Metropolitan Museum of Art, de Nova Iorque. A coluna conversou com o navegantino que ajudou a montar as peças de aço com fibra de carbono, produzidas no estaleiro de Navegantes, o técnico mecânico, Paulo César Gralik, 42 anos.  

— Quando eu entrei no estaleiro em dezembro de 2006, o projeto já estava em andamento. Inicialmente trabalhava na manutenção do estaleiro e principalmente da fresa utilizada para confecção dos moldes da escultura. Levou cerca de seis meses para as peças ficarem prontas — recorda.  

Segundo o navegantino, fazer as junções das peças foi um dos maiores desafios. Crédito: Paulo César Gralik

O estaleiro Catarina Yachts foi inaugurado em 2005 e desde então sempre recebia encomendas de iates de luxo. O pedido realizado pelo renomado pintor e escultor norte-americano, Frank Stella, foi uma surpresa. A encomenda consistia na produção de aproximadamente três toneladas de peças de aço com fibra de carbono. Paulo disse que fazer as junções das peças foi um dos maiores desafios. Segundo ele, o pedido também foi surpreendente.

— Uma das maiores dificuldades encontradas sempre foi na hora de fazer as junções, pois em casco de embarcações na maioria das vezes é uma peça só, e neste caso foram várias etapas e várias peças. Foi uma surpresa e um desafio, pois sempre trabalhei apenas com embarcações — reforça.

Exposição foi realizada no Metropolitan Museum of Art, de Nova Iorque, em 2007. Crédito: Paulo César Gralik

Apesar das dificuldades que apareceram durante a montagem das peças em Nova Iorque, Paulo classificou a experiência como desafiadora.   

— Foi muito desafiador, pois trabalhamos a noite alguns dias, todas as peças tiveram que ser colocadas no terraço do museu de guindaste. Não tivemos problemas, apenas as dificuldades em trabalhar com material mais nobre que é a fibra de carbono.  Praticamente ninguém no estaleiro dominava o trabalho com este material, fomos adaptando ferramentas — explica.

Outra lembrança é a presença de Frank Stella no processo de montagem das peças, que terminou com um jantar oferecido pelo escultor norte-americano para a equipe.

As peças de aço foram içadas no terraço do museu nova iorquino. Crédito: Paulo César Gralik

— Por diversas vezes, ele fez questão de acompanhar todos os processos de montagem, desde a preparação dos componentes em um galpão, os içamentos das peças para o terraço do museu, até os dias que trabalhamos a noite ele acompanhava, inclusive ele fez questão de levar a equipe para um jantar de comemoração no final da montagem — conta.  

Apesar de não ter conseguido ir ao lançamento da exposição, Paulo se diz orgulhoso do trabalho feito nos Estados Unidos.

— Infelizmente não conseguimos participar do lançamento da exposição. Foi um desafio muito bom, de muito aprendizado. É satisfatório, e é motivo de orgulho, pois eu tinha pouco tempo de empresa e tive a honra de fazer parte da equipe escolhida para realizar a montagem — concluiu o técnico mecânico de Navegantes.

Paulo ficou orgulhoso com o trabalho feito em Nova Iorque. Crédito: Paulo César Gralik

A exposição “Frank Stella on the Roof” (Frank Stella no telhado, tradução livre) estreou no Metropolitan Museum of Art no dia 1° de maio de 2007. Durante quase cinco meses, a escultura feita em Navegantes, simbolizando um pavilhão chinês, foi um sucesso, atraindo milhares de visitantes.

Com uma carreira de mais de 60 anos, Frank Stella morreu em sua casa em Nova Iorque no dia 4 de maio de 2024, aos 87 anos, após batalha contra um linfoma. Durante sua vida, Stella reorientou o panorama artístico norte-americano, deixando um legado de pioneirismo. O escultor visitou o Brasil em 1989, durante a Bienal de São Paulo.

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