COLUNA: Outros Quinhentos, por Rogério Pinheiro.
LEGENDA FOTO: Em 1990, o município começou a construir a nova rodoviária que nunca saiu do papel e virou sede da prefeitura. Crédito: PMN
A partir desta edição, a coluna “Outros quinhentos” conta as histórias que marcaram os 62 anos de Navegantes. A primeira história é sobre as sedes da Prefeitura de Navegantes desde a emancipação em 1962. Em seis décadas, a administração municipal já esteve em quatro lugares diferentes. Casa de madeira do prefeito, casarão alugado e rodoviária foram alguns deles.
Navegantes se tornou um município no dia 26 de agosto de 1962. Athanázio Rodrigues foi escolhido prefeito provisório de Navegantes por decreto do governador Celso Ramos. Sem um prédio público, o jeito foi se ajeitar provisoriamente em uma casa de madeira que pertencia ao próprio Athanázio, na avenida João Sacavém, próximo da Colônia Pescadores.
A casa de madeira era muito pequena para abrigar a prefeitura e ainda na década de 1960 a administração municipal alugou o casarão que pertenceu à professora Paulina Gaya, na rua Aníbal Gaya. Além da prefeitura, no casarão também funcionava a Câmara de Vereadores em uma sala com apenas sete cadeiras. O casarão foi construído em 1907.
Mesmo maior, a residência não supria a necessidade de uma prefeitura e desde a emancipação já se planejava um local de alvenaria que abrigasse o paço municipal e as secretarias. Na década de 1960, Navegantes era uma das poucas cidades que ainda tinha sua sede em madeira.
Em 1968, na cerimônia de inauguração da avenida Beira-Mar Ivo Silveira (atual avenida Cirino Adolfo Cabral), foi lançada também a pedra fundamental do prédio da nova prefeitura, que anos mais tarde virou o Fórum Municipal e hoje sedia algumas secretarias municipais. O prédio foi construído 11 anos depois e virou notícia no jornal do Povo, edição do dia 28 de abril de 1979.
“Dispondo de um imóvel com área de 5.000 m² para sua construção, bem como anteprojeto já definido, com área de construção de 645 m², a Prefeitura Municipal de Navegantes pretende realizar ainda este ano a velha aspiração de um prédio adequado para abrigar os serviços municipais. Construir um prédio de alvenaria, tipo funcional, foi sempre um sonho bem acalentado, para todos que passaram por aquela prefeitura.
A atual sede, uma das poucas de madeira no Estado, não oferece condições para o desempenho funcional e atendimento ao público, provocando uma improdutividade administrativa, motivada pela precariedade do espaço físico existente.
Objetivando conseguir uma maior centralização entre serviços municipais e estaduais, pretende o prefeito João José Fagundes, incorporar a esse prédio, a Exatoria Estadual, que atualmente se encontra em sala locada, visando desta forma um atendimento prático e objetivo para os contribuintes.
Para concretizar o projeto, cujo custo foi orçado em um milhão e novecentos e sessenta e dois mil cruzeiros, dependerá da ajuda do Estado, onde já se encontra em tramitação e à espera de uma solução junto a Codesc (Comissão de Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina)”.
A rodoviária que virou prefeitura (Foto capa)
Se a sede da Prefeitura de Navegantes na avenida Armação, hoje a avenida Prefeito José Juvenal Mafra, levou mais de 10 anos para ser entregue, a rodoviária de Navegantes, antigo sonho do município, virou pesadelo. O prédio começou a ser construído em 1990, mas até 1994 não havia nenhum sinal de que a obra seria concluída. O Diário da Cidade de 16 de agosto de 1994 destacou a polêmica construção da Rodoviária de Navegantes.
“Navegantes – Quatro anos se passaram desde o início da construção do terminal rodoviário municipal e até agora a prefeitura não conseguiu terminar as obras, por carência de recursos financeiros. Segundo o secretário de Obras e vice-prefeito, Sebastião Paulo de Souza, a conclusão do empreendimento deve acontecer somente no final deste ano.
A rodoviária de Navegantes foi projetada para ter 1.400 metros quadrados de área construída, ocupados por guichês para venda de passagens, lojas e lanchonete.
— Falta pouco para entregar a obra à comunidade – enfatiza o vice-prefeito, comentando que o Executivo municipal tem bancado as despesas sem ajuda do Governo do Estado que havia prometido repassar verbas.
Com uma população de aproximadamente 35 mil habitantes, o município é atendido por poucos ônibus e dispõe de apenas um posto para venda de passagens.
— O terminal rodoviário permitirá à cidade incrementar o turismo, pois os acessos estarão facilitados — prevê Sebastião”.
Além de não ter sido concluído, o prédio foi usado por muitos anos como abrigo para moradores de rua. No final da década de 1990, o município desistiu da rodoviária e construiu no local a atual sede da Prefeitura de Navegantes. Já a nova rodoviária nunca saiu do papel.