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COM LICENÇA, POSSO FALAR?

ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL DE SANTA CATARINA – SECCIONAL NAVEGANTES – SC

Acadêmica Professora Nalba Lima de Souza, cadeira n. 3

Meu nome não importa. Sou brasileira, nordestina, sim senhor, professora universitária. Nasci em Natal, capital do Rio Grande do Norte, onde desde cedo, me acostumei a ouvir dois grandes discursos: o da seca do Nordeste e o da “melhoria” da educação.

Fui crescendo, os discursos foram crescendo, a seca cresceu mais ainda, e os problemas educacionais se alastraram mais que a seca do sertão. Aí eu aprendi. Aprendi que a seca mata, que a educação mal planejada mata a inteligência, mata a capacidade de discernir uma dada situação.

E os discursos continuavam, cresciam. Eu crescia junto. Aí eu aprendi. Aprendi que os oradores não queriam que a seca acabasse, que os problemas educacionais se acabassem, porque se isso ocorresse, não haveria mais discurso, não haveria mais o que prometer nas eleições. 

E os discursos foram crescendo. Eu cresci mais ainda. Fiz meu curso universitário em Natal – na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) – e mestrado no sul do país – na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)… “meu nordeste ficou para trás”, e os problemas continuavam. Aí eu aprendi. Aprendi que dentro desse contexto, o que necessitava era refletir sobre os meios de resolver os problemas. E no que diz respeito à educação, o importante é saber se ela expressa a nossa realidade e se ajuda a transformá-la. É preciso, pois, que nós, educadores, voltemo-nos para os nossos problemas, nossas aspirações, nossas necessidades e façamos disso a matéria do nosso ensino, do nosso estudo.

É preciso, entretanto, que tenhamos consciência de nossa responsabilidade social, isto é, de que o compromisso é inevitável, pois o educador engajado sabe que educar é uma forma de ação social; sabe que educar é transformar. Trata-se, portanto, de um ensino comprometido com a vida do nosso país aqui e agora, pois o compromisso é inseparável da atividade intelectual do homem. Por outro lado, a postura engajada no ensino, não deve, em momento algum, levar-nos a esquecer da especificidade da nossa disciplina. A nossa preocupação deve ser enriquecê-la, tentando dar aos alunos uma visão mais ampla dos conteúdos ministrados, demonstrando que esses aspectos são reveladores de uma determinada realidade e estabelecendo relações entre essa realidade e a que nos cerca.

Acredito que, desse modo, podemos estimular uma postura crítica dentro das escolas, das universidades, para que os educandos possam dar alguma contribuição capaz de sacudir a apatia e a alienação reinantes no meio estudantil. 


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