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COLUNA: REDES SOCIAIS E TRANSTORNOS MENTAIS

Coluna Daniele Lisandro

Estamos todos mergulhados numa cultura midiatizada, que foi bastante maximizada com a pandemia, completamente imersos num mundo tecnológico, envolvidos por uma corrente que nos arrasta e manipula, por vezes nos afasta daquilo que somos, afetando nossa subjetividade e nossa saúde mental.

Neste cenário de constante bombardeio informacional, onde a cada segundo uma nova informação cruza nosso caminho, nos encontramos paradoxalmente cativados e cativos dessa dinâmica. Mergulhados num excesso de imagens midiáticas, nossa reação não é de aborrecimento, mas sim de prazer, uma espécie de deleite tecnológico que, embora sedutor, nos envolve em um ciclo vicioso de busca incessante por aprovação e conexão virtual.

A criação do botão de curtir no Facebook, e sua subsequente adoção por outras redes sociais, como o Instagram, funciona como uma estratégia refinada para ativar nosso sistema de gratificação cerebral. Este mecanismo libera endorfinas, responsáveis pela sensação de bem-estar, incentivando-nos a buscar repetidamente essa forma de aprovação digital. Assim, o que nos parece oferecer benefícios, como a sensação de pertencimento e conexão com um amplo círculo social, transforma-se, ironicamente, em um dos vilões de nossa existência.

Neste cenário, a desconexão se torna uma utopia, e a busca pela aprovação alheia, uma necessidade quase visceral. Tornamo-nos seres cujos desejos e sonhos estão alinhados, muitas vezes inconscientemente, com o que é produzido e valorizado pela mídia. As redes sociais, longe de serem meras ferramentas de interação, revelam-se como aditivos psicológicos dos quais não sabemos mais nos desvincular. Essa dependência não se limita à busca por curtidas; estende-se a um incessante consumo de informações e entretenimento que, ao invés de enriquecer, muitas vezes nos adoecem.

Estudos, como o mencionado do Instituto Superior de Estudos Psicológicos da Espanha, destacam as nefastas consequências do uso desenfreado das redes sociais, evidenciando o surgimento e agravamento de diversas doenças mentais. Esses efeitos não são exclusividade dos jovens; adultos igualmente experimentam os danos provocados por essa dependência tecnológica, que vai desde o afastamento da vida real até a perda da capacidade de autocontrole, passando por ansiedade, redução da autoestima, e uma série de outros males psicológicos.

Portanto, as redes sociais, longe de serem apenas plataformas de interação, configuram-se como terrenos férteis para o desenvolvimento de transtornos mentais. A constante exposição a comparações, a negatividade e o isolamento do contato real, essencial para o bem-estar humano, são aspectos que necessitamos urgentemente refletir e reavaliar. A questão não é apenas como utilizamos estas ferramentas, mas como permitimos que elas nos moldem, afetando profundamente nossa saúde mental e nossa essência.


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