Navegantes não tinha um nome oficial até 1912. Moradores e visitantes chamavam o então bairro de Itajaí de diversos nomes. Arraial de Santo Amaro, Povoado de Santo Amaro e “Outro Lado” eram alguns deles. A coluna “Outros quinhentos” conta como a iniciativa de um jornal ajudou a oficializar o nome de Navegantes.
Em 1912, o Conselho Municipal (atual Câmara de Vereadores) discutiu uma proposta para oficializar um nome para o bairro de Itajaí. A proposta não foi uma iniciativa popular e sim uma sugestão do semanário “Novidades” de Itajaí, que sempre tinha dificuldade em mencionar o nome do bairro. O mesmo jornal, em uma nota publicada na edição de 13 de outubro de 1912, informava que o nome “Arrayal dos Navegantes” estava entre os mais cotados.

“Na próxima reunião do Conselho Municipal se vai tratar da escolha de um nome apropriado para a povoação da margem esquerda do Itajaí, fronteira à nossa cidade. Ouvimos dizer que, entre os nomes lembrados para designar aquela povoação, o mais cotado é o de “Arraial dos Navegantes”.
Alvinópolis
Enquanto o nome não era escolhido pelo Conselho Municipal de Itajaí, o jornal Novidades recebeu uma carta do capitão de fragata, Henrique Boiteux, que recomendou que o bairro de Itajaí recebesse o nome de Alvinópolis, homenagem ao primeiro Intendente da Marinha na Capitania de Santa Catarina, Miguel de Souza Mello e Alvim.

“Ilmo. Sr. diretor do Novidades. Tendo lido em seu hebdomadário que se procura um topônimo para o arraial fronteiro a essa cidade. Venho pedir permissão para lembrar um nome que por certo não o desmerecerá, o de Alvinópolis.
Recorda este nome o chefe de esquadra Miguel Alvim que tantos serviços prestou à Santa Catarina e que fez explorar as terras de Itajaí, exportando madeiras para os nossos arsenais; recorda seu filho, o ilustre e bravo Barão de Iguatemy; lembra seus outros irmãos Miguel e José e muito principalmente João Alvim, o engenheiro distinto que em maio de 1859, foi ao Itajaí verificar a medição de terras.”
Melo e Alvim
Miguel de Souza Mello e Alvim nasceu em 9 de março de 1784, na Quinta de Olaia, nos arredores da cidade de Ourém, Distrito de Santarém, Portugal. Ele chegou ao Brasil na fragata Urânia, que fez parte da esquadra que trouxe a Família Real Portuguesa ao Brasil em 1808.

No Brasil, foi elevado ao cargo de 1º Tenente e participou da elaboração da planta do novo porto do Rio de Janeiro. Em 1817, foi nomeado capitão de fragata. No mesmo ano, foi indicado ao cargo de Intendente da Marinha na Capitania de Santa Catarina, cargo que exerceu por 10 anos.
Mello e Alvim teve destaque na administração da Nova Ericeira, uma colônia pesqueira fundada em Porto Belo, em 1818. Percorreu a Enseada das Garoupas até a foz do rio Itajaí-Açu fiscalizando o corte das madeiras de lei e distribuindo terras aos colonos da Nova Ericeira, entre eles moradores de Navegantes.
Além do ordenado de intendente, Mello e Alvim ganhava também com os cortes de madeira de lei, o negócio mais lucrativo nas primeiras décadas do século XIX em Santa Catarina. Distribuía terras para a colônia, aproveitava para tirar um dinheiro extra com a madeira e delimitava assim sua área de abrangência política.
Com a Independência do Brasil em 1822, a Nova Ericeira foi extinta. Melo e Alvim permaneceu em Santa Catarina, onde se elegeu deputado e chegou a ser nomeado presidente (governador) da Província de Santa Catarina. Ele também foi ministro da Marinha. Melo e Alvim morreu no dia 8 de outubro de 1855, na cidade do Rio de Janeiro.
A sugestão de Henrique Boiteux não foi aceita pelo Conselho Municipal. Além de faltar pesquisa, o nome de Melo e Alvim já havia sido esquecido em 1912. O que pesou de fato foi algo mais recente, a festa em homenagem à Nossa Senhora dos Navegantes, que era realizada desde 1896.
Os sete conselheiros (vereadores) escolheram então pelo nome de “Arraial de Navegantes” ainda em 1912, que foi sancionado pelo superintendente (prefeito) de Itajaí, Jorge Frederico Tzaschel.