Inco chegou a ter mais de 100 agências e foi vendido para o Bradesco na década de 1960
Em 1934, os empresários Irineu Bornhausen e Otto Renaux sentiram na prática a falta de serviços bancários. Naquele ano, eles estavam em Rio do Sul e tentaram descontar um cheque de 10 mil cruzeiros. Como o valor era muito alto, não conseguiram sacar o dinheiro na única cooperativa de crédito da cidade do Alto Vale. Para resolver o problema, eles decidiram abrir uma agência bancária. A coluna “Outros quinhentos” conta a história do Inco, um banco que nasceu em Itajaí e se tornou a maior rede bancária de Santa Catarina na década de 1950.
No ano em que os empresários tentaram descontar o cheque de 10 mil cruzeiros, o estado de Santa Catarina possuía apenas dez agências bancárias, sendo sete do Banco Nacional do Comércio (atual banco Santander) e três do Banco do Brasil. Além disso, muitos serviços não eram realizados nessas poucas agências. Com a ideia na cabeça, Irineu Bornhausen, de Itajaí, e Otto Renaux, de Brusque, procuraram tirar o projeto do papel. Além de empresário, Irineu também foi governador de Santa Catarina em 1951.
Os empresários procuraram o pai de Otto, Carlos Renaux, que gostou da iniciativa. Eles então venderam a ideia para Antônio Ramos, Augusto Voigt, Bonifácio Schmitt, Francisco Almeida, Fritz Schneider, José Menescal do Monte, Nestor Schiefler e Victor Konder, todos residentes em Itajaí. Aprovado o projeto, a entidade bancária foi oficialmente denominada Banco Indústria e Comércio de Santa Catarina (Inco).

Dos sócios-fundadores do Inco, ninguém tinha experiência com bancos. Antônio Ramos, por exemplo, era dono de um estaleiro. Francisco de Almeida e Augusto Voigt eram sócios na Almeida & Voigt, uma empresa que fazia despachos marítimos. Bonifácio Schmitt e Nestor Schiefler eram comerciantes. Fritz Schneider trabalhava com couro. Já Victor Konder foi ministro de Aviação do presidente Washington Luiz e José Menescal do Monte era médico.
Com a sociedade formada, o banco Inco foi apresentado oficialmente em uma assembleia realizada no dia 23 de fevereiro de 1935. O banco contava então com um capital de um milhão e duzentos mil cruzeiros. Na mesma assembleia,Itajaí foi aprovada para sediar a matriz do Inco. A agência foi aberta no segundo piso da sede da empresa Almeida & Voigt, na rua Pedro Ferreira, centro de Itajaí. A inauguração aconteceu no dia 13 de outubro de 1935.
Com uma rede bancária deficitária em Santa Catarina na década de 1930, o crescimento do banco Inco foi rápido. No primeiro ano de operação, o Inco comprou o Banco de Crédito Agrícola de Bela Aliança, de Rio do Sul. Seis anos depois, foi a vez do Banco Agrícola e Comercial de Blumenau ser incorporado.
O banco se expandiu ainda mais na década de 1940 para outras cidades de Santa Catarina, Paraná e Rio de Janeiro. Novas agências foram abertas em Blumenau, Joinville, Ibirama, Indaial, Jaraguá do Sul e Mafra. Em 1943, Curitiba ganhou uma agência do banco Inco. Já em 1944, a então capital do Brasil, Rio de Janeiro,também contou com uma agência do banco de Itajaí.

O auge da instituição financeira aconteceu em 1957, quando o banco Inco comprou o Banco Nacional da Cidade de São Paulo, o antigo banco Ítalo-Brasileiro, fundado em 1925. Junto com a rede bancária, o Inco adquiriu também a sede do banco paulista, um prédio de sete andares. O investimento que começou com um capital de um milhão e duzentos mil cruzeiros em 1935, em 1957 já chegava a cento e vinte e cinco milhões de cruzeiros.
Com as 40 agências do Banco Nacional da Cidade de São Paulo, o banco Inco chegou a ter 103 agências nas regiões Sul e Sudeste. Tanto sucesso chamou atenção de grandes bancos brasileiros. Um deles, que estava também em expansão na década de 1960, era o Banco Brasileiro de Descontos (Bradesco). Em 1968, depois de várias negociações, o Bradesco formalizou a compra e incorporação do banco Inco. A agência do banco Inco de Itajaí, que em 1968, funcionava na rua Hercílio Luz, passou a se chamar Bradesco. A agência bancária está aberta até hoje no mesmo local.
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