Uma trama sinistra foi orquestrada, envolvendo suposto seqüestro, mutilação e assassinato, para encobrir dívidas de sua empresa
Um empresário de São Cristóvão do Sul, na serra catarinense, foi preso na sexta-feira (28), em Navegantes, suspeito de matar um morador de rua para simular a própria morte. Segundo a Polícia Civil, ele tentou forjar sua morte duas vezes, inclusive tendo armado um falso sequestro.
Edilson Peter, 41 anos, é investigado por estelionato em outro inquérito policial e teria aplicado golpes em clientes de sua empresa de placas de energia solar. Ele teria forjado o próprio homicídio por questões financeiras.
Após comunicar às autoridades seu próprio desaparecimento, em 12 de fevereiro, ele e um cúmplice, de 38 anos, teriam assassinado Vanderlei Weschenfelder, de 59 anos, um morador em situação de rua, para que a polícia identificasse o corpo como sendo seu. Três dias depois, a caminhonete do empresário foi localizada queimada, com um corpo totalmente carbonizado em seu interior.

Mas a investigação concluiria que o corpo não era de Edilson, após exame de DNA. Ao ver que seu plano não daria certo, o empresário simulou outra morte. Um vídeo foi gravado, com uma suposta sessão de tortura de criminosos contra o empresário. Ele chegou a cortar parte do próprio dedo e arrancar dois dentes, para dar sustentação à farsa tramada. No mesmo dia, uma garrafa com o dedo, além dos dois dentes, foi arremessada contra a casa da namorada do empresário.
As suspeitas de que o corpo encontrado na caminhonete não seria do empresário, segundo a Polícia Civil, se confirmaram no momento em que os vídeos da suposta tortura se disseminaram. Com isso, agentes da DIC passaram a buscar por desaparecidos na região, e chegaram à conclusão de que o cadáver era do morador de rua Vanderlei Weschenfelder, de 59 anos, cujo desaparecimento foi comunicado por familiares no mesmo período. Paralelamente a isso, a polícia identificou a unidade de saúde que o empresário buscou atendimento para suturar o dedo amputado, sendo reconhecido por testemunhas do local.
As investigações levaram a DIC até Navegantes. A Polícia Civil já tinha as prisões preventivas expedidas e mandados de busca e apreensão. De acordo com a Polícia Civil, após a prisão, em Navegantes, Peter e o comparsa ficaram em silêncio durante o interrogatório e foram encaminhados ao sistema prisional.
A defesa dele declarou, em nota que tomou ciência das informações somente no dia da prisão e que não teve acesso ao inquérito policial. Diante disso, vai aguardar futuras diligências para se posicionar.