No mês de prevenção ao suicídio, Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) reforça a importância do acolhimento às pessoas depressivas.
De 2017 a 2021, foram notificados em Santa Catarina 3.888 casos de óbitos por suicídio e 29.545 tentativas de suicídio.. Em Navegantes, no início da semana, os Bombeiros Voluntários e o SAMU foram acionados para uma ocorrência de tentativa de suicídio na região central. Uma mulher de 34 anos se jogou do segundo andar de um prédio localizado na Avenida Conselheiro João Gaya, e foi encaminhada com quadro estável ao Pronto Socorro do Hospital de Navegantes.
Conforme os bombeiros voluntários, pessoas próximas à vítima relataram que ela sofre de uma depressão.
Procure ajuda
Felizmente, a vítima foi encaminhada com vida ao hospital e segue em tratamento. Mas, em muitos casos, quadros de depressão podem acabar em desgraça. A pessoa com ideação suicida ou a família que observar tais comportamentos deve procurar ajuda de profissionais da saúde.
Conforme a coordenadora do CAPS, enfermeira Luciane Boza Delgado, as unidade básicas de saúde do município fazem o acolhimento e identificação da demanda. E em casos graves, como a ideação suicida, o paciente é encaminhado ao Centro de Atenção Psicossocial, que fará o atendimento e tratamento, podendo encaminhar ainda para o Pronto Socorro do Hospital de Navegantes ou IPQ em Florianópolis, em casos de crises psicóticas.
No CAPS, o paciente recebe atendimento da equipe formada for médico psiquiatra, psicólogo, assistente social, enfermagem e terapeuta ocupacional. Lá ele participa de consulta individual, psicoterapias, indicação de medicação, caso necessário, e recebe visitas domiciliares.
Importante papel da família
Para a enfermeira, o tabu sobre o suicídio é o que mais prejudica a prevenção do mesmo, pois a sociedade passa a idéia de que falar sobre o suicídio é errado, é vergonha. Porém, o assunto é muito sério e deve ser discutido – dados mostram que 38 pessoas tiram a própria vida por dia no país e em Navegantes o número de tentativas também é expressivo.
Para o suicida, a morte é o único meio de acabar com o sofrimento, não enxerga uma alternativa, por isso, familiares e pessoas próximas devem ficar atentas a fatores de risco e sinais de alerta para poder ajudar. Quase todas as pessoas que cometeram suicídio tinham, pelo menos, um transtorno psiquiátrico (depressão, alcoolismo, drogadição, esquizofrenia, etc). Expressões negativas que se repetem como “Eu não sirvo pra nada”, mais calado do que o habitual, isolamento, perda de entusiasmo em atividades que davam prazer devem ser sinais de alerta.
“Pergunte, fala com a pessoa porque ela esta tendo esse comportamento, fique atento se não está tomando medicação em excesso ou acumulando”, disse a enfermeira, alertando ainda que fatores de stress crônicos e recentes como separação conjugal, perda de entes queridos, falência, desemprego podem estar associados com pensamentos suicidas.
Os pais também devem ficar atentos aos filhos adolescentes, pois é cada vez mais comum o quadro de ansiedade nessa faixa etária, podendo levá-los a tentar contra a própria vida. A enfermeira explica que há ainda casos em que o adolescente não quer tirar a vida, mas comete automutilação, apresentando cortes nos braços e em outras partes do corpo. Esse comportamento também deve ser levado a sério e tratado.
Setembro Amarelo
O Setembro Amarelo é o mês de valorização da vida. Outra forma de buscar ajuda é por meio do CVV – Centro de Valorização da Vida. A equipe realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, pelo telefone 188, ou ainda por email e chat 24 horas, todos os dias. Acesse https://www.cvv.org.br/