Para quem está de fora, é fácil julgar. “Ela gosta de apanhar”, “Ela está nessa situação de violência porque quer”, “Por que ela não deixa o marido?”. Mas para a mulher que passa por uma situação de violência, as questões não são bem assim.
Elas não gostam de apanhar. Não estão nessa situação porque escolheram isso. Não abandonam seus companheiros porque, na maioria das vezes, são dependentes financeiramente de seus maridos e, com os filhos, fica ainda mais difícil pensar só em si.
Diante da necessidade de discutir essas questões que ainda são tabus, a Procuradoria Especial da Mulher, da Câmara de Navegantes, promoveu uma audiência pública, no dia 28 de outubro, para debater políticas públicas para as mulheres no município.
Com falas de representantes do Poder Judiciário, Ministério Público, Poder Executivo e Legislativo, Polícias Militar e Civil e entidades da sociedade civil, o evento teve 2h30 de duração e serviu para as autoridades debaterem sobre a necessidade de ampliar os mecanismos e instrumentos para reduzir a desigualdade de gênero, as injustiças e os abusos, combater a violência e oferecer condições para que as mulheres alcancem sua independência. Iniciativas na iniciativa privada vem sendo positivas, como o Pró-MEI Mulher, um grupo se mulheres que se apoiam para falar de iniciativas empreendedoras.
Os munícipes também puderam expor suas opiniões, por meio de comentários na plataforma online disponível para a audiência. Eles mostraram alguns dos principais problemas e falhas na cobertura da rede de atendimento às mulheres em Navegantes e discutiram sobre as soluções a serem implantadas e os desafios a serem superados para que a cidade se torne referência na proteção às mulheres vítimas de violência e preconceito.
Entre os apontamentos citados por autoridades e munícipes estão: a falta de uma casa de passagem para receber vítimas de violência; a falta de cursos profissionalizantes que permitam a independência financeira dessa mulher, acesso a políticas públicas de planejamento familiar e controle de natalidade; a ausência de Defensoria Pública; leis que punam o agressor e não a vítima; ampliação do atendimento na Delegacia de Polícia Civil para fins de semana; e o avanço do projeto da Casa da Mulher Brasileira, um espaço para atendimento de vítimas de violência que reúne equipe multidisciplinar e é uma das bandeiras da Procuradoria da Mulher de Navegantes.
Só com uma rede apoio, as mulheres vítimas de violência doméstica conseguiram sair dessa situação de violência. É preciso juntar forças para isso. O primeiro passo já foi dado, agora é buscar as soluções.