Maternidade sob perspectivas literárias

ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL DE SANTA CATARINA – SECCIONAL NAVEGANTES 

Texto: Ana Cristina Cabral, – Acadêmica de Licenciatura plena em História e Letras – Português.

O segundo domingo do mês carrega consigo muito zelo para prestar homenagem à mulher que gerou vida dentro de si, à mulher que assoprou joelhos ralados e secou lágrimas e fez rir. Ser mãe, de coração, é o ato mais altruísta que alguém pode fazer. Ter uma mãe é o melhor presente possível.

Na literatura brasileira, observamos manifestações artísticas do “ser mãe”.

Muito além de títulos de recato e pureza, a maternidade exige garra, tal força que inspira. Também, a maternidade será diferente para todas. 

Para Carolina de Jesus, ser mãe era difícil. Ela fazia o impossível para sustentar seus três filhos, que lhe enchiam de alegria, outras vezes de solidão. Em sua obra Quarto de Despejo, a escritora brasileira diz: Dia das mães. O céu está azul e branco. Parece que até a Natureza quer homenagear as mães que atualmente se sentem infeliz por não poder realizar os desejos dos seus filhos. Como disse, um ato altruísta, se doar para dar o melhor de si pelo outro, uma representação da força materna que delata a desigualdade social no país, marcada por silenciamentos e resistências.

Clarice Lispector, outro nome da literatura brasileira, escreveu palavras introspectivas, sem medo de julgamentos. A vida doméstica pode ser aborrecida. O envelhecimento, assustador. Para aquelas que vivenciam lados não romantizados da maternidade, Clarice diz: Como mãe, não tenho finura. Sou grossa e silenciosa. Olho com a rudeza de meu silêncio, com meu olho vazio aquela cara que também é rude, filho meu. Não sinto nada porque isso deve ser amor pesado e indivisível.

Além de seu papel como mãe, a autora Conceição Evaristo não deixou de refletir sobre seu papel como filha. Todos somos filhos e filhas, a primeira coisa que nos tornamos ao nascer, e assim precisamos de alguém que cuide de nós. Para Evaristo, essa pessoa foi Joana, sua mãe, fonte de inspiração poética para Evaristo.

Sobre Joana, ela escreve: Foi de mãe todo o meu tesouro / veio dela todo o meu ganho / mulher sapiência, yabá, / do fogo tirava água / do pranto criava consolo.

Foi na literatura que essas três mães escritoras — e tantas outras mulheres — encontraram suas vozes, entenderam seus desejos. Com três perspectivas diferentes, é perceptível que o “ser mãe” é diverso, múltiplo. Nem toda mãe escolhe, nem toda mãe gera, nem toda gosta. O “ser mãe” não é feito de doçuras irreais e romantizadas, afinal a maternidade exige responsabilidades árduas. Ainda assim, que este texto sirva de amparo para renovar o amor dentro da mulher que é mãe. Você não está sozinha em seus receios e esperanças.

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