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A HISTÓRIA DO UNIÃO FUTEBOL CLUBE DE NAVEGANTES

União Futebol Clube por Eder Nascimento

A coluna “Outros quinhentos” desta semana conta a história de um dos clubes mais antigos de Navegantes, o União Futebol Clube. Fundado no dia 10 de dezembro de 1949, o União é o time amador com o maior número de títulos da Liga Itajaiense de Desportos (LID), oito no total. O último conquistado em setembro deste ano.

O União não foi o primeiro clube de futebol de Navegantes. A primeira equipe que se tem notícia é o Navegantes Futebol Clube, que em 1922 jogava a Liga Catharinense de Desportos (LCD). Depois do Navegantes vieram o Cobrasil, o Estiva, São Domingos e a Sociedade Recreativa Navegantes, todos campeões da LID na década de 1950.

Já o União teve que esperar até os anos 60 para comemorar um título na liga. No dia 1º de outubro de 1961, o União venceu o Tiradentes, no estádio do Marcílio Dias, em Itajaí, por 3 a 1 e ficou com o campeonato. O bicampeonato foi conquistado no ano seguinte, também contra o mesmo Tiradentes.  

Apesar do bicampeonato nos anos 60, a fase de ouro do time navegantino só viria na década seguinte. Entre 1977 a 1979, o União não deu chance para nenhum adversário. Foram 118 jogos de invencibilidade, um recorde que até hoje ninguém superou. Na década de 1980, foram mais dois títulos, um em 1984 e outro em 1988. Depois disso o time passou em branco. O União até chegou na final de 2006, mas perdeu o campeonato para o Estiva.

O União foi campeão da LID pela primeira vez em 1961. Crédito: Arquivo Público de Itajaí 

O TORCEDOR QUE TIROU O UNIÃO DA FILA DE 35 ANOS 

Vizinho do União, Evandro Correia cresceu jogando com outras crianças no campo e acompanhou os principais títulos do clube.

— Eu morava ao lado do campo. Hoje o campo do União tem uma estrutura diferente, ele é todo murado, tem documentação. Antigamente o campo do União era todo aberto, tinha uma vala ali, tinha figueira. A gente jogava todo dia, de manhã, de tarde, dependendo da aula. A gente gosta do União por causa disso, a gente vivia dentro do campo. Meus tios jogaram no União, meu irmão jogou no União — lembra Evandro, hoje com 49 anos.

De tanto brincar no campo do União, Evandro se tornou jogador de futebol. Ele começou na base do Marcílio Dias e depois jogou em diversos clubes de Santa Catarina. Em 2022, Evandro aceitou o desafio de treinar o União.  

— Os meninos estavam com um time de futebol de areia, montaram um time no amador e me convidaram. Foram trazidos mais jogadores de um nível de amador para cima. A gente já estava com uma base boa, mas só que o amador não é fácil. Tem que correr atrás de patrocínio, tem que se doar, porque são vários finais de semana, tem vários fatores que é complicado no amador. Tem que gostar — explica.

Em 2023, o União chegou à final da LID depois de 17 anos. No dia 17 de setembro, o time de Navegantes venceu o Rio do Ouro de Itajaí por 2 a 1 e encerrou uma espera de 35 anos sem título.  

— Foi montado um elenco para chegar na final. Todos que estavam no banco tinham condições de jogar, tinha peças para substituir. Vários jogadores entraram, fizeram gols e ajudaram bastante o nosso time. O troféu foi uma réplica da Igreja Matriz de Itajaí, é um troféu bonito. Como o pessoal do União diz, a Matriz de Itajaí agora pertence a Navegantes — brinca.

O União Futebol Clube levantou a taça pela oitava vez depois de uma espera de 35 anos. Crédito: Luiz Cláudio

Para o técnico do União, o título representa muito para o clube, principalmente para os torcedores antigos e ex-jogadores.

— Quando a gente era criança, a gente acompanhava muito o União. O pessoal invicto ali (1977, 1978 e 1979), a gente viu jogar. É uma coisa gratificante, emocionante. Você vê o pessoal antigo indo ali, torcedores e jogadores das antigas chorarem por causa do título. Eles vieram te agradecer — completa Evandro.

O técnico Evandro Correia cresceu ao lado do campo do União. Crédito: Luiz Cláudio

VENDA DO CAMPO E NOVOS PROJETOS

Localizado no Centro de Navegantes, o estádio Adolfo Cirino Cabral é a sede do União Futebol Clube desde 1955. O clube que participou de momentos históricos de Navegantes, como a reunião que instalou oficialmente o município em 1962, conta também com uma área de lazer e lanchonete. Sem apoio da Fundação Municipal de Esportes (FME), o União sobrevive hoje com o aluguel do campo para uma escolinha de futebol particular. O valor ajuda a pagar despesas como água, luz, um caseiro e manutenção.

Lico tenta buscar novas parcerias para não deixar o clube morrer. Crédito: Divulgação 

— Não recebemos nada. Antigamente a gente tinha essa parceria com a FME. No mesmo esquema da escolinha particular, um valor x por mês. Nesse novo governo não quiseram fazer. Eles disseram que o espaço não é adequado para o esporte. Antes a escolinha era de graça. Era o contrato que a gente tinha com a Fundação Municipal de Esportes — esclarece o presidente do União, Paulo Sérgio Martins, 52 anos, o Lico, que jogou no time campeão de 1988.  

— Eu joguei no time que foi campeão em 1988. Como o União estava passando na época por uma reforma, a gente estava no juvenil e eles aproveitaram o juvenil. Fizemos algumas partidas no começo e depois que viram que não dava, reforçaram o time com o pessoal antigo — recorda. 

O União Futebol Clube pertence a uma associação. Pelo estatuto, o clube só pode ser vendido por permuta. Lico disse que perdeu as contas de quantas propostas já recebeu para a venda do campo do União.

Campo do União Futebol Clube por Éder Nascimento

— Proposta tem todo o mês. Teve uma época que eles ofereceram um clube montado lá nas Pedreiras. Na época isso aqui valia R$ 9 milhões. A área total lá valia R$ 3 milhões e os outros R$ 6 milhões não entravam na conta. Não houve acordo. O estatuto do União não permite venda direta, tem que ser por permuta. Tem que dá outro clube em outro lugar, não entra valores para rachar com os sócios, isso aqui não existe — garante.

 Lico aposta em novos projetos e na busca de parcerias para não deixar o União ser extinto.

— Nós queremos uma parceria com o poder público, por exemplo. Nós temos um projeto para fazer salas comerciais. Seria interessante, uma baita de uma avenida (Conselheiro João Gaya). Com uma renda, você pode fazer um campo sintético, por exemplo. Vamos ver primeiro como vai funcionar esse Plano Diretor. Não sabemos se podemos desmembrar para fazer as salas comerciais. Eu acredito que ano que vem as coisas vão melhorar. O União tem bastante tempo pela frente — finaliza o presidente.


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