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NAVEGANTES PROJETA FICAR ENTRE AS 10 MAIORES ECONOMIAS DE SC

Porto de Navegantes

Especial 61 ANOS

Porto, construção naval, pesca e construção civil impulsionam a economia do município

Os resultados do censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Ministério do Trabalho, com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados recentemente, apenas confirmam o crescimento econômico que é visto todos os dias em Navegantes. Além do aumento da população, o Produto Interno Bruto (PIB) do município também cresceu e com ele o número de vagas de emprego.

Segundo o IBGE, o PIB de Navegantes foi R$ 4,97 bilhões em 2020, um aumento de 6,13% em comparação com 2019. O PIB por pessoa, que é o total dividido pela população, também aumentou, chegando a R$ 59.445,85 ao ano. Com os resultados, Navegantes é agora a 14ª economia de Santa Catarina e a 3ª da região da Foz do Rio Itajaí, ficando apenas atrás de Balneário Camboriú e Itajaí.

Os dados são referentes a 2020 e ainda não mostram o avanço pós-pandemia. O município registrou um forte crescimento econômico em 2021 e 2022, com a criação de empregos e o aumento da arrecadação. A expectativa é que Navegantes fique entre as 10 maiores economias de Santa Catarina nos próximos anos.

— Com base nos dados de geração de empregos e arrecadação de ISS e ICMS, verificamos que houve uma forte aceleração da economia de Navegantes em 2021 e 2022. Então o PIB vai vir muito mais alto ainda e continua crescendo este ano. A expectativa é que nos próximos anos Navegantes fique entre as 10 economias do estado. Esse é o nosso objetivo — destaca o secretário de Desenvolvimento Econômico de Navegantes, Rodrigo Silveira.

Para Rodrigo Silveira, o desafio de Navegantes será transformar crescimento econômico em desenvolvimento social. Crédito Jornal nos Bairros.

Geração de empregos

O crescimento do porto, indústria, serviços, construção civil e comércio reflete na geração de empregos no município. Dados do Caged, divulgados no final de julho, apontam que Navegantes gerou mais empregos nos primeiros seis meses de 2023 do que em todo o ano de 2022, o que colocou Navegantes como a cidade com o maior crescimento do emprego entre as 20 maiores economias do estado.

No mês de junho houve um saldo positivo de 303 novas vagas, totalizando 2.334 no primeiro semestre de 2023, acima dos 2.111 novos empregos criados em todo o ano de 2022. Com este resultado, Navegantes chegou à marca de 25.429 trabalhadores formais, um incremento de 10,11% em apenas seis meses.

O que explica o crescimento da economia navegantina é sua diversidade. A Portonave que lançou as bases do crescimento nos últimos 15 anos, porém a sua participação na economia de Navegantes vem reduzindo na medida em que outros setores vem crescendo e diversificando o mercado local.

Outros setores como a construção civil, indústria pesqueira, comércio, serviços e construção naval são responsáveis por esses números positivos. A construção civil, por exemplo, aparece como um novo pilar da economia de Navegantes, liderando a criação de novos empregos e estimulando a abertura de novos negócios na cidade.

— O porto é um pilar da economia de Navegantes, mas há outros pilares, como a indústria e construção naval. A pesca é muito forte. Temos a Camil, a Costa Sul, temos os estaleiros e as indústrias menores. O diferencial de Navegantes não é só pesca, não é só barco de pesca, mas é a industrialização. Trabalhar com peixe, enlatar e vender, que temos aqui e gera muito valor agregado. A construção naval também é muito forte. A Navship está forte. A Keppel voltou. A Keppel que estava parada. Aí vêm outros empreendimentos, como o Navepark, como outros ao longo da BR 470, que atraem outras empresas para se instalarem em Navegantes. Isso gera industrialização e movimentação de mercadorias para o Porto de Navegantes — explica.

Rodrigo Silveira

Outro setor da economia de Navegantes que ganhou espaço é a construção civil, que deve se transformar no terceiro pilar da economia de Navegantes nos próximos anos, ficando atrás apenas da atividade portuária e indústria. Silveira ressalta que agora as pessoas descobrem Navegantes não só para investir, mas também para morar, o que faz a construção civil crescer junto com a economia. O setor foi o que mais gerou novos empregos no município em 2022.

Setor da economia de Navegantes que ganhou espaço é a construção civil, Crédito Jornal nos Bairros

— O mercado está aquecido. Estamos no momento onde pessoas de classe média, classe média alta, começam a ver Navegantes como um local bom para investir e viver. A construção civil é um setor estratégico, pois demonstra que há novos investidores e moradores acreditando na cidade. A geração maciça de empregos está sendo acompanhada com aumento de arrecadação de impostos, o que demonstra o crescimento sustentado da cidade — avalia.

Além da iniciativa privada, o secretário de Desenvolvimento Econômico de Navegantes lembra que o município também fez a sua parte, atuando na desburocratização do processo de abertura de empresas.

— Um processo de simplificação e desburocratização. Como era para abrir uma empresa em Navegantes? Antes demorava vinte e poucos dias para abrir uma empresa em Navegantes, hoje o processo tramita em cerca de 12 horas. Aprovamos também o Plano Diretor — reforça.

Desafios

Um dos objetivos para os próximos anos, segundo Rodrigo Silveira, é colocar Navegantes entre as dez maiores economias de Santa Catarina. Para isso acontecer, o município encomendou uma série de pesquisas para traçar o diagnóstico, as potencialidades e ajudar na estruturação de ações integradas entre poder público e iniciativa privada para a construção do futuro econômico da cidade.

— Temos um programa chamado DEL, Desenvolvimento Econômico Local. É um programa que contratamos. É uma consultoria da Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc). Fizemos primeiro um diagnóstico de Navegantes. Fizemos várias entrevistas do privado, público, com empresários e comunidade. A partir desse diagnóstico criamos ferramentas de trabalho, câmaras técnicas, que estão trabalhando a vocação de Navegantes, terra, ar e mar — esclarece.

Outro setor que Navegantes deve explorar nos próximos anos e que servirá para diversificar ainda mais a sua economia é a área da tecnologia.

— Precisamos inserir Navegantes na tecnologia. Nós já tivemos uma série de ações na área de tecnologia e inovação, apesar de nós avançarmos muito, queremos ativar um ecossistema de inovação em Navegantes. Temos uma câmara técnica e também os investimentos em infraestrutura. Reduzimos ISS, temos um núcleo de tecnologia. Daqui há um ano, dois anos, de forma natural, a gente lance uma incubadora, lance uma startup em Navegantes — adianta.

Transformar o crescimento atual da economia em desenvolvimento social também é tratado como prioridade pela administração municipal.

— O desafio é transformar crescimento em desenvolvimento e se desenvolver é melhorar a qualidade de vida das pessoas. Por isso nossas ações são integradas. “Não será a nossa secretaria sozinha que vai resolver. Primeiro temos que garantir sustentabilidade financeira para que a prefeitura continue investindo. Precisa ter arrecadação contínua, é isso envolve manter a economia crescendo. E vamos investir onde? É um ciclo que se retroalimenta. Temos que direcionar para ações estruturais, como infraestrutura, saúde e educação. Esses são os desafios de Navegantes. É claro que a gente não resolve isso em dois ou quatro anos, mas em 20 ou 30 anos se transforma. Há outras cidades que passaram por isso, como Itajaí — explica.

A qualificação profissional também é um dos desafios para os próximos anos, principalmente para as pessoas que chegam em Navegantes todos os dias em busca de uma vida melhor.

— Nós vamos capacitar essas pessoas. Boa parte dessas pessoas vem de fora e vão continuar vindo gente de fora, mas isso não é problema. Navegantes é uma cidade de portas abertas. Que venham dentro de uma lógica de desenvolvimento da cidade, que contribuam para o desenvolvimento da cidade. Todas as ações de desenvolvimento são voltadas para este sentido. A prefeitura tem um balcão de empregos e uma plataforma online chamada “Navega Mais Empregos”, tanto para captação de vagas como cursos de capacitação. Nós estamos lançando cursos do Senac também — reforça.

Outro desafio é atrair para Navegantes empresas que prestam serviços para Portonave, que hoje estão sediadas em Itajaí.

— Itajaí está com o porto fechado e Itajaí continua pujante. Porque toda a cadeia logística está funcionando através da Portonave. Eles trabalham lá e movimentam pela Portonave. Por que não atrair empresas para cá. Não queremos prejudicar Itajaí, queremos que Itajaí continue crescendo, mas por que não ter isso aqui também? Esse é um dos nossos desafios — finaliza o secretário.

Complexo multissetorial Navepark deve movimentar R$ 3,5 bilhões por ano. Crédito: Embralot/Divulgação

Investimentos bilionários

O “boom” econômico de Navegantes é impulsionado por diversos investimentos no setor privado, com a abertura de novos empreendimentos e pelo município, com obras de infraestrutura. Nos próximos cinco anos, Navegantes deve receber mais de R$ 4 bilhões em investimentos, o que deve elevar ainda mais o PIB do município e gerar mais vagas de emprego. Entre esses investimentos estão a duplicação da BR 470, o novo aeroporto, a instalação de condomínios empresariais e a modernização do terminal portuário.

A Portonave, por exemplo, vai receber investimentos de R$ 3 bilhões nos próximos cinco anos. Os recursos são da empresa suíça Terminal Investment Limited (TIL), que controla o Porto de Navegantes e faz parte do grupo MSC. Os recursos serão destinados para melhorias no terminal de contêineres, reconstrução do cais e aprofundamento do calado, entre outras obras.

Outro empreendimento de destaque é o Navepark, que foi inaugurado este ano. Localizado às margens da BR 101, o complexo multissetorial comercializa galpões industriais. A primeira fase, que contou com um investimento de R$ 150 milhões, está com 70% dos espaços já comercializados. Outros R$ 150 milhões serão investidos na segunda fase. A proposta é a redução de custos e a oferta de uma infraestrutura completa com centros de convivência, administrativo e de lazer.

 A projeção de movimentação financeira das empresas inseridas no Navepark, com o empreendimento em total operação, é de R$ 3,5 bilhões anuais. O número representa aproximadamente 1% do PIB catarinense, se considerado o ano-base de 2019, próximo dos R$ 325 bilhões.


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