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EDITORIAL: TEMOS QUE FALAR NOVAMENTE DISSO

Nas últimas semanas, o Brasil chorou com notícias envolvendo tortura e assassinato se crianças. Infelizmente, temos que falar novamente sobre isso. Porque a garantia dos direitos integrais das crianças, principalmente no que diz respeito à segurança, não estão sendo assegurados. Erro da família, erro dos órgãos de proteção, erro da sociedade.

Em Minas Gerais, um menino de 11 anos de idade foi libertado por policiais, depois de uma denúncia anônima de tortura praticada pelos próprios familiares. Ao chegar ao local, os policiais choraram ao presenciar a desumana condição que era submetido o menino, com as mãos e os pés amarrados, dentro de um tonel exposto ao sol, desnutrido e alimentando-se das próprias fezes. Pai foi preso por tortura e a madrasta e sua filha por omissão.  

Na zona leste de São Paulo, outro crime bárbaro. Um homem foi preso por matar a enteada de dois anos de idade, depois de agredi-la fisicamente e colocar uma mangueira em sua garganta até afogá-la. A mãe relatou que já havia histórico de agressão contra seus filhos.

Também na zona leste de São Paulo, uma menina de três anos de idade foi resgatada por policiais após denúncia de vizinhos. Ela encontrava-se amarrada com cabos de TV, apresentava sinas de desnutrição e tinha queimaduras de cigarro pelo corpo. A mãe não estava no local e, segundo testemunhas, deixava, frequentemente, a criança sozinha para sair à noite.

O mais triste é que esses crimes foram cometidos por pessoas muito próximas das crianças: pais, mães, padrastos e madrastas. O inimigo vive em casa. E quem protege essas crianças?

No caso do menino de Minas Gerais, o Conselho Tutelar acompanhava há quase dois anos o caso, e deixou chegar à situação que chegou. Houve negligência do órgão que deveria protegê-lo.

Já no caso da menina afogada, a mãe também foi responsável. Cada um faz o que quer da sua vida, no entanto em casos que envolvem filhos, é de se pensar duas, três vezes antes de colocar alguém dentro de casa, principalmente em relacionamentos relâmpagos, com frequente troca de parceiro. Crimes dessa natureza são frequentemente, noticiados pela imprensa. É só digitar em um site de buscas “padrasto mata” para se assustar com a quantidade de notícias relacionadas. Se o Governo fosse fazer uma campanha, poderia ser, mais ou menos, assim: “O Ministério da Saúde adverte: Colocar alguém dentro da sua casa pode ser prejudicial à saúde e integridade do seu filho”. A frase é fictícia, mas gera polêmica, chama à atenção para a gravidade do assunto. Agressões, torturas, assassinatos já são cometidos por parentes de sangue, imagina por quem não tem laço nenhum com a criança.

E no último caso, a falta de políticas públicas voltadas para a família leva mães despreparadas a assumirem filhos não planejados, indesejados, pobres vítimas que pagam (e caro) o pato.  

A verdade é que estamos todos sendo omissos. A hora é de erguer as mangas e mudar essa realidade.  


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