Falou em corrupção, é quem mais pode apontar o dedo para a cara do político. Na opinião popular, só político é quem rouba, só político é quem manipula em interesse próprio. Todavia, a corrupção está impregnada na cultura brasileira.
É o famoso “jeitinho brasileiro”, disfarçado de malandragem, má intenção e oportunismo.
Exemplo atual disso é o caso dos servidores públicos, lotados no Governo do Estado de Santa Catarina e em municípios catarinenses, que receberam o auxílio emergencial de R$ 600 do Governo Federal.
O auxílio é um socorro para trabalhadores que tiveram os rendimentos fortemente afetados durante a pandemia. Servidores públicos, em SC, não foram dispensados nem tiveram redução salarial – e por isso não se encaixam entre os critérios para receber o valor. Mesmo assim, 4.753 servidores públicos de SC cadastraram-se para receber o benefício, que juntos somam mais de R$ 3,5 milhões.
Hipocrisia é a palavra mais apropriada para descrever essa situação. No conceito popular só político rouba, mas tirar vantagem de um benefício destinado a pessoas em situação de vulnerabilidade, em um momento em que o país enfrenta uma pandemia, não é tão quanto roubar? Não pensam nas pessoas que realmente necessitam e que esperam até hoje pelo benefício?
É como disse o ministro da Economia, Paulo Guedes, em entrevista coletiva, no mês passado: “Dezenas de milhões de brasileiros estão sendo demitidos, milhares de empresas estão fechando (….) Enquanto o Brasil está de joelhos, nocauteado, por favor, não assaltem o Brasil”, afirmou.
Em outra oportunidade, o ministro também declarou: “Na hora que estamos fazendo esse sacrifício, que o gigante caiu no chão, é inaceitável que tentem saquear o gigante que está no chão. Que usem a desculpa da crise da saúde para saquear o Brasil na hora que ele cai”.