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AS LUTAS PARA EVANGELIZAR E LEVAR CONFORTO AOS CORAÇÕES DOS QUE PROCURAM A DEUS

A voz forte e o jeito carismático têm atraído centenas de fieis. Pe. Marcos Zimmermann, natural de Ilhota, tem apenas 32 anos. O chamado à vida religiosa veio cedo e, com ele, muitas lutas para evangelizar e levar conforto aos corações dos que procuram a Deus. Seu primeiro desafio foi dar amparo às vítimas da enchente que arrasou o Morro do Baú, em 2008. Há quatro meses em Navegantes, o religioso conta sobre a sua trajetória e sobre as novenas à Nossa Senhora Desatadora dos Nós que estão lotando as sextas-feiras no Santuário Nossa Senhora dos Navegantes.

Confira a entrevista na íntegra.

Jornal nos Bairros: Por que e quando o senhor decidiu seguir a vida religiosa?

Pe. Marcos Zimmermann: Desde muito pequeno, eu ajudava na minha comunidade de origem, a Nossa Senhora da Glória. Colaborava nas leituras durante a Missa, fui catequista e também tínhamos um grupo de cantos. As pessoas sempre me diziam que eu tinha jeito de ser padre, mas isso nunca passou pela minha cabeça. Até que um dia, Dom Eusébio, nosso Arcebispo, em visita à Pastoral – já que ainda não existia a Diocese de Blumenau, no final da Missa ficou conversando com todo o povo e pediu para ficarem de pé os catequistas. Eu era bem novo. Ele olhou pra mim e disse: Você é catequista, tão jovem? E concluiu dizendo: você será um padre. Naquele momento, estas palavras ressoaram em meu coração e ali pude perceber Deus chamando. Através de nosso querido pároco já falecido Pe. Carlos Guesser e o apoio de minha família e da comunidade, ingressei, no dia 14 de fevereiro de 1999, no Seminário de Azambuja, em Brusque. Logo foi criada a Diocese de Blumenau, e Ilhota passou a pertencer a Blumenau. Assim continuei meus estudos concluindo a teologia em 2008.

JB: Qual a sua trajetória como padre?

Pe. Marcos: A conclusão de meus estudos se deu no final de 2008, tempo este que nossa região sofreu com uma tragédia enorme (enchente de 2008). Dom Angélico me enviou para a região do Baú, que é onde cresci para ajudar o povo. Encontrei as famílias nos abrigos, desamparadas e tristes, pois 32 pessoas perderam suas vidas e tantas outras seus lares. Foi assim que comecei a minha missão. Foram dias de muita luta, oração e desafios. Nunca me esqueço, no primeiro dia que fui visitar o abrigo, uma senhora chorando me abraçou e disse: “Perdi filhos, netos, minha casa, mas não a minha fé”. Acredito que nunca esquecerei o que ela me disse naquele dia e que me deu força em tantos momentos. Em Janeiro de 2009, fui ordenado diácono e no final do mesmo ano padre, no dia 12 de dezembro. Fiz uma pós-graduação em São Paulo na área de Comunicação, em 2009. No dia 31 de janeiro de 2010, Dom José Negri me transferiu como vigário paroquial da Paróquia São José Operário, em Itoupava Central, Blumenau, e no final do mesmo ano, no dia 08 de dezembro, assumi a Paróquia com 11 comunidades. Foram cinco anos de muito trabalho, alegrias e desafios.

JB: Quais seus objetivos como reitor do Santuário Nossa Senhora dos Navegantes?

Pe. Marcos: Estou em Navegantes desde o dia 22 de fevereiro de 2015. Dom José me pediu que viesse trabalhar aqui no litoral. A Paróquia Santuário Nossa Senhora dos Navegantes possui ao todo seis comunidades e tenho encontrado em cada uma um povo muito receptivo e sedento de se encontrar com Deus. Acredito que um dos primeiros objetivos é a acolhida. “Acolher bem é evangelizar”. E isso tenho pedido a todas as lideranças que colaboram nesta missão. Quero, no primeiro momento, conhecer a realidade e rezar com as famílias. Por isso, todo dia 02 de cada mês tenho rezado a Missa em Honra à Mãe dos Navegantes. Vivemos, há poucos dias, a Festa do Divino Espírito Santo, uma tradição muito especial, e em julho, no dia 05, viveremos a Festa de São Pedro. Enfim, chamar as pastorais e movimentos e todo o povo de Deus a reavivarmos a chama de nossa fé.

JB: O Papa Francisco fez um pedido para que os lideres católicos brasileiros reconquistem os seus fieis. As Missas de sextas-feiras estão lotadas de pessoas. O senhor considera que o objetivo está sendo cumprido? O que as têm atraído?

Pe. Marcos: Primeiramente, vida longa ao Papa Francisco, que realmente é um presente de Deus na vida da Igreja. Tem nos ensinado muito com seu jeito de ser e de agir. Ele disse que quer uma Igreja em saída, missionária. Há quatro anos, comecei esta experiência da Novena à Nossa Senhora Desatadora dos Nós, em Blumenau e hoje muitas paróquias estão celebrando esta novena na região. Aqui no Santuário, iniciamos no dia 01 de maio e, de lá pra cá, toda sexta-feira, às 19h30, vivemos este momento de fé. O Santuário já é Mariano, sendo assim, falar de Maria e viver esta experiência nos fortalece e nos aproxima cada vez mais de Jesus. Cada pessoa recebe uma cordinha com nove nós e, a cada novena que participa, desata um nó. As músicas e a acolhida com a ajuda dos Servos de Maria fazem desta Novena um momento de reavivamento da fé.

JB: No mundo de hoje, com tantos casos de violência, drogas, famílias desestruturadas, o senhor considera que as pessoas estão precisando mais de Deus?

Pe. Marcos: Com certeza sim. “Pouco com Deus é muito, mas muito sem Deus é nada”. Já tive tantos testemunhos de pessoas que se afastaram da Igreja e de Deus, a vida foi ficando difícil. Acredito muito no abraço acolhedor de Deus, na figura daquele pai que, todos os dias, ficava esperando o filho voltar e quando ele o avista no horizonte, mesmo estando desfigurado, o pai o reconhece e vai ao seu encontro, devolvendo a dignidade de seu filho. Ele o abraça, cobre de beijos e com, voz forte, diz que ele estava morto e voltou a viver. Somos chamados a fazer com que esta experiência chegue a tantos lares e a muitos corações dilacerados.

JB: Qual a mensagem que o senhor deixa para os jovens e para quem o lê?

Pe. Marcos: Dizer aos jovens que a vida é bonita e que temos um Deus que nos quer felizes, mesmo diante de muitas tribulações e nossos questionamentos. Busquemos ao Senhor e ao seu reino e tudo o mais vos será dado. Dizer ao povo Navegantino obrigado pela acolhida e pelo carinho com que me recebeu. Rezem por mim. O padre não é chamado a estar acima nem a baixo do povo, mas caminhando ao lado, nas alegrias e tristezas que a vida nos apresenta. Que o Santuário continue sendo a casa da Mãe dos Navegantes, que nos traz aconchego e paz diante dos sofrimentos e que juntos possamos ouvir a voz do Mestre a nos dizer: “Eis que estarei convosco todos os dias de vossas vidas”(Mt 28,20). Um abraço fraterno e que Deus abençoe Navegantes.


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