Como é de conhecimento de muitas brasileiras, Outubro Rosa é uma campanha para sensibilização sobre a prevenção do câncer de mama. Em contrapartida, proibir mulheres de fazerem exames de saúde regularmente é entendido como violência de gênero e como um sinal de uma relação abusiva.
Na Casa Alva — ONG que acolhe vítimas de violência doméstica, bem como seus filhos, em Santa Catarina, as mulheres aprendem que restringir o acesso aos cuidados médicos ou consultas preventivas é uma violência de gênero. Ao proibir a namorada ou esposa de fazer exames e tratamentos, um homem está comprometendo a saúde física e psicológica da mulher. Sem falar, é claro, que está violando direitos garantidos por leis vigentes.
Um estudo da oncologista Cristiana Tavares, mestre em Perícias Forenses pela Universidade de Pernambuco (UPE), mostra que 42% das mulheres com câncer de mama sofriam violência conjugal antes do diagnóstico. Para a pesquisa, foram entrevistadas 200 mulheres com esta neoplasia maligna.
Em 2023, a pesquisa “Um Olhar sobre o Câncer de Mama no Brasil” revelou que 19% das mais de 1.200 pacientes de câncer de mama entrevistadas nunca haviam feito mamografia antes do exame de diagnóstico. O estudo foi publicado pela Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), em parceria com a Roche e o Instituto Oncoguia. Apenas 53% realizava anualmente a mamografia.
E ainda, no Brasil, 70% das mulheres com câncer são abandonadas durante o tratamento. Aos companheiros, principalmente, o pedido é que ajam com dignidade e caráter. O abandono não é apenas físico, mas sim emocional, e num momento tão delicado para as mulheres com câncer.
Uma mulher que é proibida de fazer exames deve terminar a relação, denunciar possíveis outros tipos de violência consequentes ao fim e focar na própria saúde integral. É importante que as pacientes possuam uma rede de apoio, recebam carinho e companhia. Atitudes positivas são capazes de salvar vidas