ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL DE SANTA CATARINA – SECCIONAL NAVEGANTES
Texto: Acadêmica Professora Ana Isabela Mafra, cadeira n. 12.
Desde a década de 1940, quando a EB Júlia Miranda de Souza foi criada pelo governo estadual de Udo Deck, ela teve status de maior instituição de ensino do então bairro de Navegantes. No início, sem uma sede própria, ocupou uma antiga sala da COBRASIL e, posteriormente, a Colônia de Pescadores, onde ficou até 1954.
Em 1955, no Governo de Irineu Bornhausen, ganhou uma sede construída nos mais modernos e recomendados modelos da época. Era constituído de cinco salas de aula, gabinete, secretaria e, anexo, um pequeno apartamento para o diretor, que na época era a professora Didymea Lazzaris de Oliveira. A jovem diretora comandava um corpo docente de apenas três “normalistas”: a própria e as professoras Alice Seara e Déa Gaya; as demais professoras não tinham titulação especializada, sendo as mais graduadas, as complementaristas de um curso secundário de dois anos.
Apesar da falha no nível de qualificação e escolaridade dessas mestras, todas se empenhavam e laboravam conforme as exigências da direção, conseguindo um nível de alfabetização de mais de 80% nas crianças do primeiro ano.
Admiravelmente esta instituição criada como Grupo Escolar evoluiu para colégio estadual com a implementação do ensino médio em 1976; conferindo aos navegantinos orgulhosos, a oportunidade de uma entrada no ensino superior.
No decorrer desta trajetória, o Júlia Miranda tornou-se um marco de desenvolvimento intelectual da cidade, bem como um ponto de referência para memoráveis acontecimentos sociais, servindo de parâmetro para os demais colégios que foram sendo criados. Formou técnicos em Contabilidade e no Magistério, além do tradicional curso científico.
No Júlia, no final de semana de Junho que se comemoravam as festas juninas, eram disputados os lugares para dançar, montar uma barraca de guloseimas e jogos folclóricos. Todos se divertiam ao som do antigo alto-falante que repercutia em toda a cidade, conclamando para a reunião das famílias regada ao aroma das especiarias do quentão e pinhão, aquecidos e atraídos como mariposas e pernilongos (não os da dengue) pelo brilho e calor da enorme fogueira. Bons Tempos!
Muitos foram os profissionais que seguiram do Julia para o ensino superior e há muitos anos destacam-se nas carreiras profissionais mais procuradas e valorizadas.
O Júlia se tornou um Centro de Irradiação de cultura e lazer, apesar de todas as intempestividades de origem política que sempre afetaram a educação, situações as quais foram, sabiamente, contornadas pelas direções que assumiam não só a gestão, mas, literalmente, bancavam as despesas essenciais da instituição.
Hoje, na direção, estamos lutando por reformas estruturais e solicitando auxílio de professores e comunidade para reerguer a escola tão sucateada. Pedimos a colaboração de todos ex-alunos empresários e ex-funcionários que possam nos fazer doações.
Viva o Júlia! Colabore e participe do nosso BINGO, dia 13 de julho!