
ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL DE SANTA CATARINA – SECCIONAL NAVEGANTES
Acadêmica: Professora Vilma Rebello Mafra, cadeira n. 14
Ainda que um pouco mais tarde que o normal, finalmente o Carnaval 2025 chegou neste fervilhante mês de março. A festa neste ano vem com um sabor diferenciado, já que no domingo,02, ficaremos na expectativa da badalada festa do Oscar com filme brasileiro concorrendo a algumas premiações, depois de muitos anos de jejum sem aparecer na lista de concorrentes. Essas indicações ao prêmio inclusive modificaram a forma de apresentação das escolas de samba do Rio de Janeiro.
O Carnaval é uma das datas mais esperadas do ano, um momento de celebração que combina diversão, música e criatividade. Uma festa caracterizada pela liberdade, trazendo uma chance para cada um se reinventar. Vivenciamos os tempos de alegria tão esperados; quando as normas têm licença para ser quebradas e a irreverência sufocada pelos bons costumes, pode ser liberada.
No carnaval usamos máscaras que nos permitem ostentar os outros “eus” mantidos guardados na nossa caixa preta tão secreta; mas na realidade nós relevamos a nossa verdade, os nossos desejos de “ser ou parecer felizes” .É uma festa que a cada ano ganha novas modas, novas cores e recursos sonoros tão envolventes que sufocam o som de nossa consciência e lucidez.
A história do Carnaval no Brasil surgiu no período colonial. Uma das primeiras manifestações carnavalescas foi o entrudo, uma brincadeira de origem portuguesa que, na colônia, era praticada pelos escravos. Nela, as pessoas saíam às ruas sujando umas às outras, jogando lama, urina e água. O entrudo foi proibido em 1841, mas continuou até meados do século XX. Em Navegantes, no alvorecer do século XXI, essa prática ainda existia nas pequenas comunidades.
Depois surgiram os cordões e ranchos, as festas de salão, os corsos, e as escolas de samba. Afoxés, frevos e maracatus também passaram a fazer parte da tradição cultural carnavalesca brasileira. Marchinhas, sambas e outros gêneros musicais foram incorporados à maior manifestação cultural do Brasil. Nossa cidade já foi palco de desfiles memoráveis, disputas acirradas e divertidos blocos populares. Ficando inclusive conhecida internacionalmente pela dimensão gigantesca do Navegay, bloco carnavalesco que durante décadas arrastou multidões pelo centro da cidade, nas segundas-feiras de Carnaval.
Em um mundo atual tão diverso e conectado, algumas pessoas preferem as referências de antigos carnavais ou dias de sossego. Nos últimos anos, as pessoas avessas às festividades momescas encontraram eco na atual administração que encerrou as atividades do Navegay e descaracterizou a vocação festiva de grande parte da população.
Registrando a evolução do Carnaval, foi lançado esta semana, no Rio de Janeiro, o livro “Para tudo se acabar na quarta-feira”, obra sobre grandes criadores do carnaval. Organizada pela curadora Luisa Duarte e pelo arquiteto Miguel Pinto Guimarães, conta com artigos de pesquisadores e jornalistas e um conjunto de fotografias do carnaval.
A adesão popular, o apelo sedutor desta festa é a necessidade de sentir alegria, e ter motivos para sorrir, longe do difícil cotidiano opressor e desigual. No carnaval vive-se o sonho dentro de uma fantasia radiante, encaramos tudo que admiramos e que nos demais dias do ano nos é negado, com contagiante trilha sonora, recebendo aplausos e a aprovação dos admiradores.
One thought on “Samba no pé, sorriso no rosto e purpurina na pele para o resto do ano”
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