Como missão de estimular o conhecimento e a pesquisa sobre as origens de Navegantes, foi realizado o Projeto Ribeira Cultural, com foco nos costumes diretamente relacionados à comunidade ribeirinha do bairro São Pedro. O projeto, desenvolvido de forma totalmente gratuita e inclusiva, beneficiou a população com inúmeras atividades, através do fomento de ações com práticas culturais.
No percurso, foram realizadas seis ações de contações de histórias e três apresentações teatrais, todas acessíveis em Libras, audiodescrição e também com mediação para pessoas com outros tipos de deficiências e limitações.
O grupo teatral Companhia Vibrata, de Florianópolis, que trouxe o espetáculo intitulado: “A Rendeira e a Tartaruga”, proporcionou entretenimento e reflexão, ao abordar na peça, temas relevantes como a pesca, a vida na água e a conscientização ambiental.
As apresentações e contações tiveram como objetivo atender aos alunos da rede pública e contar histórias enriquecedoras relacionadas à Ribeira. Nessa etapa, foram atendidas 660 pessoas com as contações de história e 446 com as apresentações teatrais, totalizando 1106 pessoas impactadas, entre elas alunos, professores, e comunidade em geral.
Por meio de narrativas e da produção cênica, possibilitamos momentos de conexão com a tradição e a memória cultural da comunidade local, relacionando pessoas de diferentes gerações.
A comunidade também foi contemplada com um curso de formação profissional na área da fotografia. O curso, ministrado pelo professor especialista Arthur Manson, teve duração de 40 horas, emissão de certificado, visando impulsionar a geração de emprego e renda e proporcionar um aprendizado dos fundamentos teóricos e práticos para aqueles que buscam a arte da fotografia como profissão ou como forma de expressão pessoal, sendo uma oportunidade incrível para desenvolver habilidades e explorar a criatividade.
Foram 17 pessoas formadas e hoje temos alunos atuando na área e contribuindo como profissionais no mercado. O curso de fotografia trouxe como produto final a exposição “Olhares da Ribeira”.
A inauguração da exposição ocorreu em 20 de novembro de 2023, na praça de contemplação do Bairro São Pedro, e no dia do evento contamos com a participação de cerca de 150 pessoas de diversos grupos, entre eles: pescadores, representando a essência da comunidade ribeirinha, empresas apoiadoras, parceiros e administração pública municipal, contribuindo para o sucesso do evento, além dos alunos, celebrando suas conquistas e aprendizados.
Todas as obras foram pensadas também para atender as pessoas com diferentes tipos de deficiência, desta forma, durante o evento contamos com pessoas autistas, com deficiência física e mobilidade reduzida e com comunidade surda que contou com o auxílio de intérpretes de Libras, garantindo a inclusão.
Após o evento inaugural, as obras ficaram expostas para contemplação e visitação guiada de terça a sexta-feira, na Galeria Studio Arte do Studio Bianca Alcantara, até o dia 04 de março de 2024. Virtualmente, as obras foram expostas no site www.dancarebrilhar.com.br ampliando o alcance e a visibilidade do trabalho desenvolvido.
Durante o período de 60 dias que as obras estiveram expostas, o público pode contextualizar com o tema ribeira, inclusão e fotografia, participar de visitas guiadas com rodas de conversas, vivências sensoriais, sendo democratizado o acesso a contemplação da arte para 328 pessoas.
Encontros de capoeira foram realizados semanalmente por oito meses, com um grupo de 10 crianças e adolescentes. Nas aulas, foram exploradas questões relacionadas à origem, história e fundamentos técnicos da capoeira. Além disso, foram realizadas duas grandes “rodas da ribeira” onde contamos com a participação de 60 pessoas, formadas por grupos e mestres de outros bairros e cidades, proporcionando aos alunos locais uma experiência de troca enriquecedora.
A praça de contemplação do bairro São Pedro também ganhou vida através de um mural artístico. A pintura inclusiva realizada no muro do Studio Bianca Alcantara contou com a condução do artista plástico Nivaldo Kloppel e tornou-se uma expressão vibrante da história e da importância do bairro São Pedro para a cultura do município. O primeiro passo a realização da obra foi iniciar a projeção da imagem no muro, conversar com a comunidade sobre a história local e envolver a todos no contexto, seja na contemplação da obra ou nos cuidados com a pintura.
Os moradores tonaram-se parte dessa expressão artística. A pintura foi realizada através de oficinas e tiveram a participação direta de 70 alunos, da Escola Irene Romão, bem como, de uma pessoa surda, e de intérpretes de Libras. Após o processo de organização final da pintura, o recurso de braille e audiodescrição também foram inseridos no mural, proporcionando uma obra inclusiva e acessível para pessoas com deficiência visual.
Grande parte dos alunos são moradores do bairro, e passam frequentemente pelo local. Ao participarem da oficina, aprenderam técnicas de pintura e contribuíram para essa obra de arte única em nossa região. Além disso, o trabalho trouxe um sentimento de pertencimento e a proximidade com a praça de contemplação, onde ocorrem as manobras dos grandes navios, tornaram a experiência ainda mais significativa.
Ao término do projeto, movimentamos a cadeia produtiva e crescimento econômico local, gerando 21 empregos diretos e a contratação de outros 100 serviços e produtos. Vale destacar que todas as ações foram desenvolvidas 100% de forma gratuita e acessível para pessoas com deficiência física, auditiva, visual, mobilidade reduzida, ou que apresentam espectros, síndromes ou doenças que gerem limitações aos conteúdos.
Em todas as etapas, foi oferecido o serviço de Intérprete de Libras através da equipe Rede Libras de Itajaí e de audiodescrição pelo Centro Braille de Blumenau. Da mesma forma, para as pessoas que não necessitavam dos recursos, trouxemos a possibilidade de conhecer os mesmos, através da explanação sobre o tema, do oferecimento de diferentes vivências sensoriais e da divulgação via impressão em braille.
O projeto Ribeira Cultural teve sua realização pela Lei Nacional de Incentivo à Cultura, via Ministério da Cultura do Governo Federal e patrocínio das empresas Portonave e MSC/Medlog.
Para Ricardo Ismael Testoni, proponente do projeto, a meta era atender 703 pessoas e ao término foram beneficiadas 1741 pessoas diretamente. Para ele, foi inspirador e gratificante a realização deste trabalho que buscou preservar o conhecimento e as práticas das gerações anteriores. As lembranças e a valorização das pessoas envolvidas são preciosas e o prazer de vivenciar a história de cada um, traz impulso para a continuidade de novos projetos exitosos como esse, que transformam a vida das pessoas e da comunidade em geral.
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