A segunda edição do programa Porto para Elas, realizada em parceria com o fundo Agbara, visa a inclusão de mulheres no ambiente corporativo, em especial no segmento portuário
Na quinta-feira (19), iniciaram as aulas do programa Porto para Elas, com 30 alunas, mulheres pretas ou pardas. As participantes foram selecionadas entre as que já haviam manifestado interesse em integrar a primeira turma, em 2022, quando mais de 700 inscrições foram recebidas. O propósito do Porto para Elas é oferecer oportunidades de inserção no mercado de trabalho. O Programa terá duração de dois meses, com o total de 12 encontros, e será realizado nas dependências do Terminal, nas terças e quintas-feiras.
A equipe de professores e ministradores das aulas é composta somente por pessoas negras, inclusive profissionais voluntários do Instituto Portonave. Durante as aulas, serão abordadas as matérias de Transportes Marítimos, Operações e Equipamentos Portuários, Trâmites Aduaneiros, Cadeia Logística, Sustentabilidade, Diversidade e Inclusão, Imagem e Autoconfiança e Empreendedorismo. Nesta edição, o Programa também conta com o apoio do Fundo Agbara. Além disso, 20 alunas receberão uma bolsa de estudos no valor de R$ 2 mil, ao final da formação, para estimular a educação contínua.
No setor portuário brasileiro, cerca de 17% do total de vagas são ocupadas por mulheres, de acordo com dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ). Historicamente, as mulheres negras têm a maior taxa de desemprego no país. No primeiro semestre de 2022, enquanto a taxa de desemprego geral ficou em 9,3%, entre as mulheres negras o indicador ficou em 13,9%, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A gerente de Recursos Humanos, Alessandra Santos, reforça a importância de trabalhar com grupos minoritários no ambiente corporativo. “Sou uma mulher negra em um cargo de gestão em uma grande empresa, o que é muito importante como representatividade para outras mulheres e pessoas negras. Recebo relatos das pessoas inspiradas e motivadas a continuar a sua jornada no ambiente corporativo pelo fato de me ver nesse lugar. É muito emocionante para mim fazer parte desse programa e saber que contribuo para que outras pessoas possam acreditar nos seus sonhos e realizá-los”, Alessandra complementa.
A primeira edição do Programa formou 40 mulheres nos cursos de Logística e Manutenção Portuária, sendo que oito foram contratadas pela Portonave. Raquel Roze Leal é uma dessas mulheres. Hoje, é operadora de Movimentação da Iceport, câmara frigorifica integrada ao Terminal. Para Raquel, também uma mulher negra, natural do Acre, a iniciativa mudou sua vida desde a chegada em Navegantes há dois anos. “Sempre quis trabalhar no Porto, mas sabia que poderia ser difícil por ser mulher, mas este projeto abriu portas para todas as participantes. Amo esse lugar e minha expectativa é evoluir a cada dia”, Raquel comenta.
FUNDO AGBARA
O Fundo Agbara é o primeiro fundo filantrópico de mulheres negras do Brasil, instituído em 2020, uma organização antirracista e sem fins lucrativos gerida por mulheres negras com a missão de sustentar e fortalecer o exercício dos direitos econômicos e a inclusão socioprodutiva de mulheres negras em toda sua diversidade. A palavra Agbara vem do idioma iorubá, com origens na Nigéria, e significa potência.