Foi identificado até glitter em marisco e ostras cultivados em Penha e Bombinhas.
Um projeto de pesquisa que está sendo realizado pelo IFSC no Câmpus Itajaí identificou a presença de microplásticos em moluscos bivalves como ostras e mariscos. Fragmentos de plásticos estão sendo encontrados nas amostras que já foram processadas e que são provenientes de dois pontos considerados polos de cultivo na região: Penha e Bombinhas.
“Todas as amostras que recebemos até agora tinham microplásticos, já encontramos sete microplásticos em uma amostra de ostra e 13 em uma de um mexilhão. Os dois animais são filtradores e acabam ingerindo o microplástico devido ao comportamento similar que esses resíduos têm do fitoplâcton, que é o alimento natural deles. Para se ter uma idéia, em uma amostra que chegou logo após o carnaval, nós identificamos inclusive a presença de glitter, dá para ver no microscópio os pontos de brilho”, explica a estudante do curso técnico em Recursos Pesqueiros, Letícia Furtado, que é uma das voluntárias do projeto.
O projeto “Investigação da presença de microplásticos em moluscos de cultivo em Santa Catarina” está sendo coordenado pelo professor Thiago Pereira Alves e conta com estudantes do curso técnico integrado em Recursos Pesqueiros do Câmpus Itajaí. A proposta do grupo é analisar amostras de cultivo de moluscos bivalves de Penha e Bombinhas e realizar, pelo menos, uma análise em cada uma das estações do ano.
“Até o momento, analisamos a coleta que foi feita no verão e no outono em que pegamos amostras dos moluscos do mar e da banca onde eles costumam ser vendidos. Estamos coletando nesses dois lugares porque queremos entender se a quantidade de microplástico encontrada nos moluscos é a mesma ou se há alguma alteração quando ele é manuseado, aberto e limpo”, explica o bolsista do projeto, o estudante de Recursos Pesqueiros, Guilherme Mendes.
“Esses resultados mostram que a Política Nacional de Resíduos Sólidos não está sendo eficiente, que aquilo que não está sendo devidamente tratado vai parar no oceano. A ciência já sabe que nós consumimos plásticos e agora nós temos que avançar para tentar entender quais são as consequências disso”, avalia o professor Thiago Pereira Alves.