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O TECELÃO QUE ESCREVEU A HISTÓRIA DE NAVEGANTES

navegantes sc

Em 1975, foi lançado em Navegantes o primeiro livro de história do município. De autoria de Osório Gonçalves Vianna, a obra é até hoje referência para todos os pesquisadores que investigam a história de Navegantes. Vianna foi um dos responsáveis pela emancipação político-administrativa em 1962 e na época que escreveu sua única obra era técnico em tecelagem aposentado.

Mas até o lançamento do livro “Navegantes e sua história”, no dia 9 de julho de 1975, Osório Viana precisou fazer um longo caminho por repartições públicas e arquivos particulares. Sem apoio algum, o livro só foi publicado graças à inciativa e força de vontade da esposa do autor e de alguns amigos, que conseguiram imprimir cerca de 100 exemplares em uma pequena gráfica da cidade de Brusque.

Infelizmente Osório Vianna não conseguiu ver a sua obra pronta. Ele faleceu no dia 16 de abril de 1975, menos de três meses do lançamento, realizado na Igreja Matriz de Navegantes. Coube à viúva, Maria Jucelina Couto, representar o marido e autografar os livros.

Ilustração da foto de Osório Gonçalves Viana/Arte Daniel Manfredini

O Jornal Correio do dia 12 de julho de 1975 contou como foi o lançamento, marcado pela emoção. Além da viúva, estava na cerimônia o padre Valdir Staehelin, que lembrou a trajetória de Osório Vianna e suas relações com a vida social, política e religiosa da comunidade. A professora Bernadete Gaya leu o currículo do autor.

Já o professor Francisco Baron, em discurso emocionado, falou a respeito do que representava para Navegantes o livro escrito por Osório Gonçalves Viana, que cinco meses antes de falecer, recebeu o título de cidadão navegantino.

Além deles, discursaram Onofre Rodrigues Júnior, a viúva Maria Jucelina Couto e o autor do prefácio, o jornalista e proprietário do Jornal Correio, Elias Adaime, que destacou a importância de Osório Viana na emancipação de Navegantes.

“Osório Gonçalves Viana, o vanguardeiro das lutas pela instalação do município de Navegantes, apresenta um estudo da sua história. Baseado em ampla pesquisa, em demoradas investigações e cansativas buscas por repartições públicas e arquivos particulares, conseguiu juntá-los na presente obra. Cada página contém dezenas de horas de carinhosa coleta e preparação.”

Adaime revela também no seu prefácio que datilografou o texto na mesma máquina de escrever que redigiu a lei que criou o município quando era deputado estadual em 1962.

“Duas coincidências devem ser mencionadas como fato pitoresco. A Lei Estadual 838, de 30 de maio de 1962, que criou o município de Navegantes, teve seu projeto redigido e datilografado pelo autor do presente prefácio e, precisamente, com a mesma máquina datilográfica. Todavia o maior mérito da criação do município, cabe ao autor do livro, que mesmo depois de afastado das lides políticas de Navegantes, tem ânimo para estudar e publicar a sua história. É o pai contando a vida do seu filho.”

O último discurso

Osório deixou tudo pronto para o lançamento do livro, até mesmo o discurso. No texto, o autor descreve o processo de criação da obra e sua importância para a história de Navegantes.

“Este livro representa para mim uma descoberta, não só pelo que contém, mas pelo processo dinâmico de sua feitura. A minha sensibilidade de perscrutador me levou pelos corredores solitários do labirinto histórico, para conseguir essas pálidas páginas, mas escritas com amor, dedicação, desvelo todo especial pela história, cultura, tradição, religião e folclore de um povo.”

Capa da 2ª edição do livro com imagem restaurada da primeira capela em homenagem a Nossa Senhora dos Navegantes, construída em 1896

Osório termina seu discurso com uma frase do ex-deputado e coronel que lutou na Guerra do Contestado, Lebon Régis, que sintetiza sua obra.

 “Quero terminar esta minha alocução com uma frase de Gustavo Lebon Régis: O povo que perde a noção de seu passado, isto é, da sua história, das suas crenças, dos seus ideais, perde a sua alma e está fadado a decadência e ao desaparecimento.”

No livro Navegantes e sua história, Vianna resgata os primeiros habitantes, a primeira igreja, a primeira escola, a emancipação político-administrativa em 1962 e o folclore navegantino. Da edição de 1975, o único exemplar que existe hoje está guardado no Arquivo Público de Itajaí.

 Em 2019, uma segunda edição foi publicada com o apoio da lei de incentivo à cultura de Navegantes. O livro está disponível na Biblioteca Cruz e Souza, que fica anexo ao Centro Integrado de Cultura de Navegantes.


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