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MÃE CRISTINA É EXEMPLO DE MULHER GUERREIRA

Nesse Dia Internacional da Mulher (8 de março), o Jornal nos Bairros presta uma homenagem a todas as mulheres batalhadoras e guerreiras de Navegantes, como é o caso da Mãe Cristina, 60 anos, fundadora da Associação de Cultura e Tradições de Matriz Africana – OJINJÉ

Nesse Dia Internacional da Mulher (8 de março), o Jornal nos Bairros presta uma homenagem a todas as mulheres batalhadoras e guerreiras de Navegantes, como é o caso da Mãe Cristina, 60 anos, fundadora da Associação de Cultura e Tradições de Matriz Africana – OJINJÉ Navegantes. Com histórico de perda, dor, impotência, ela juntou tudo e transformou em amor ao próximo.

Isabel Cristina Ribeiro Rosa, a Mãe Cristina, nasceu no RJ, porém construiu em Navegantes a sua trajetória. Tem três filhos nascidos do ventre e é mãe de muitos outros paridos no  coração, é avó, leva consigo a simplicidade, mas tem a resistência dos seus ancestrais. Sua luta é por igualdade e respeito.

Foi com o neto “João Marcelo Ayódele ” com quem aprendeu a enxergar o mundo com outros olhos. “João Marcelo era uma criança muito especial, tinha empatia pelos catadores e crianças de rua. Um dia, eu briguei com ele porque ele tinha acabado de tomar banho e se abraçou com um morador de rua. E ele me respondeu que aquela pessoa tinha um nome. Eu fiquei muito envergonhada. Outra vez, nos seus cinco anos, ele falou que era criança de rua só quem não tinha pai nem mãe, então eu compreendi, por meio de sua fala infantil, que só estava naquela situação quem nunca teve nenhum apoio na vida.

Por uma fatalidade, João Marcelo veio a morrer afogado, entretanto sua breve passagem gerou frutos. Dois anos após sua morte, Mãe Cristina se muda com o marido para o Estado de Santa Catarina, no município de Navegantes. Compram um terreno, que fica por um tempo sem uso. “Um dia sentada ali, sentindo meus braços vazios pela saudade de meu neto, lembrei dos ensinamentos dele e pensei: É isso, eu vou fazer por quem não tem, vou dividir o que eu tenho, vou pedir para outros. E foi assim que iniciou o projeto social.

Mãe Cristina começou a separar roupas, comida, remédio e, com o apoio da comunidade, começou a transformar a realidade a sua volta. O terreno comprado, no bairro Meia Praia, virou a sede da OJINJÈ. Os voluntários foram se multiplicando. Um empresário patrocinou a reforma do espaço físico e os projetos estão acontecendo.

Projeto

Cerca de 60 crianças estão inscritas atualmente no projeto, que conta com  capoeira, contação de histórias, dinâmica de grupo e rodas de conversa sobre a cultura afro. Há também um projeto aprovado em edital, chamado Òro-Ìtan: Contação de Histórias afro-brasileiras, que é uma proposta de apresentar a literatura afro-brasileira às crianças e adolescentes nas escolas.

Apesar de só ter estudado até a quarta série, acredita na educação como fator transformador. Com a ajuda de professores voluntários, criou o projeto “Enem do Bem”, com o objetivo de preparar adolescentes vulneráveis da cidade para a prova do ensino médio. Com toda a adversidade – já que o período de pandemia tem sido o de maior evasão escolar – dois adolescentes se destacaram no Enem, o que, segundo a Mãe Cristina, já valeu todo o esforço.  

“São crianças periféricas que tiveram uma oportunidade, uma delas agradeceu – obrigada por acreditar na gente – isso nos deixou muito emocionados”, contou, afirmando, ainda, que não tem pretensão em mudar o mundo, mas cada criança que se ajuda é uma esperança.

“A família OJINJÉ é uma família de luz, juntos fazendo os sonhos virarem realidade”, concluiu.


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