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HAITIANOS RESIDENTES EM NAVEGANTES APOSTAM NA QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL

Eles chegam ao curso a pé ou de bicicleta, sempre animados, falando alto, se sentindo à vontade na cidade onde estão morando, em Navegantes. São modestos quando falam que ainda estão falando mais ou menos o português, mas há de se admitir que se não fosse o sotaque ou quando falam entre si na língua de sua pátria, o Haiti, passariam despercebidos, misturados aos brasileiros. Navegantes também os acolheu de braços abertos. 

Mas o diferencial desses haitianos é a força de vontade, esforço e foco no processo de reconstrução de suas vidas. Por meio de informações na Associação dos Haitianos de Navegantes, ASHAN – que teve sua diretoria empossada no último domingo (14/06) – eles se inscreveram para cursos técnicos do Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), disponibilizados em Navegantes pela Secretaria Municipal de Assistência Social.

No curso de Mecânica, ministrado pelo SENAT, 35 alunos iniciaram, em dezembro de 2013, a formação técnica. O curso termina em outubro desse ano. Dezessete deles levaram a sério e continuam frequentando as aulas. Destes, sete são haitianos.

O professor de Mecânica, Daniel Teixeira de Souza, falou que o curso foi adaptado para atender da melhor forma os alunos estrangeiros. Além da aula teórica – que envolve ainda parte de atendimento ao cliente e custas – e da aula prática, os alunos têm aulas básicas de língua portuguesa. “Eles aprenderam tanto o português básico, para conseguir se comunicar, quanto os termos técnicos utilizados no meio. No começo foi difícil, mas agora já estamos todos adaptados”, explicou contente o professor.

Emil Ylozier, 44 anos, é um dos haitianos que faz o curso de Mecânica. Ele está há um ano e três meses em Navegantes desde que chegou ao Brasil, no Estado do Acre. Mora sozinho e espera na cidade melhores condições de vida do que as que tinham no Haiti, na qual reclamam do grave problema de desemprego naquele país.

O professor Daniel ressalta que assim como Emil, todos são muito esforçados. Um deles cursava o terceiro ano da faculdade de Medicina no Haiti, mas veio para o Brasil impulsionado pela forte imigração haitiana, depois de o país ter sido arrasado por um terremoto no ano de 2010. Os mais dedicados serão indicados pelo professor ao mercado de trabalho, em empresas de renome na região.

Haitianos em Navegantes

Os haitianos começaram a chegar em Navegantes em 2012. A princípio, era um grupo de 17 pessoas que vieram trabalhar na construção civil. Hoje eles já são aproximadamente 900, sendo que 200 deles são membros da Associação dos Haitianos de Navegantes. Segundo dados da Associação, cerca de 90% deles estão trabalhando, os 10% que não estão trabalhando, fazem curso e tentam se especializar. A maioria trabalha no ramo da Pesca, Construção Civil, Estaleiro de Montagem, Distribuição e Diaristas (bico).

A maior dificuldade é o idioma, mas segundo o professor João Edson Fagundes, eles já estão estudando a língua portuguesa. Custos como aluguel é outra dificuldade enfrentada pelos haitianos, porque fica difícil pagar as contas e enviar dinheiro para as famílias no Haiti.

Quanto aos salários, a maioria acha justo o valor pago, mas para quem tem curso superior, o salário é baixo. No Brasil, há médicos e advogados trabalhando em outras áreas, recebendo salários que não são compatíveis com o nível superior de ensino. A média de salário é entre R$ 900,00 e R$ 1.200,00.


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