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PARCERIA ENTRE APAE E EMPRESA POSSIBILITA A INSERÇÃO DE ALUNOS NO MERCADO DE TRABALHO

A rotina de Marcos Aurélio da Silva é como a de qualquer outra pessoa. Acorda cedo, pega um ônibus, vai para a empresa onde começa a trabalhar às 08 horas. Empurra carinho, checa os produtos e ajuda a colocar as peças que estão sendo fabricadas. As 17h48 volta para casa, depois de um dia de muita dedicação ao que faz. O que parece uma cena comum transforma-se em especial, já que Marcos é também especial.

Inserido no Programa de Iniciação para o Mercado de Trabalho da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE, Marcos é um dos cinco alunos com deficiência intelectual moderada que trabalham na Cadence, empresa especializada na fabricação de eletrodomésticos, com 330 funcionários em Navegantes, localizada no bairro de Machados.

Marcos está inserido na empresa desde dezembro de 2012, com carteira assinada, salário e todos os benefícios trabalhistas. Cumpre também todas as obrigações e diz gostar muito do que faz. Fez amigos no trabalho e se sente à vontade entre eles e entre as milhares de peças que são fabricadas todos os dias.

Para o coordenador de RH da empresa, Vaguinel Goulart, assim como Marcos, todos os alunos inseridos no Programa são muito proativos e vêm mostrando muita habilidade no que fazem. “O Marcos nunca falta ao trabalho e não precisamos ficar mandando no que ele deve fazer. Ele já tem total noção das suas tarefas. É sim um bom funcionário”, opinou. 

Para receber os funcionários especiais, a empresa realizou uma capacitação com 100% do seu pessoal, falando sobre a inclusão de pessoas com deficiência, os tipos de deficiência, como conviver com uma pessoa especial, atitudes importantes para a inclusão, entre outros temas descritos em uma cartilha distribuída a todos os funcionários, com o tema “Colegas Especiais – Seja a mudança que você deseja ao mundo. Comece aceitando as diferenças”.

Programa existe há quase dois anos

De acordo com a coordenadora do Programa de Iniciação para o Mercado de Trabalho, psicóloga Ketlin Raquel Pedri, a APAE de Navegantes está realizando esse trabalho há quase dois anos no município.

Ele busca empresas na cidade interessadas em serem parceiras na inclusão de seus alunos em seus quadros de pessoal, através de contratação e acompanhamento dos alunos pela Associação. “Iniciamos com os alunos cumprindo apenas alguns dias da semana na empresa e os outros na APAE, mas o resultado foi tão positivo que hoje eles precisam vir apenas um dia aqui e os demais cumprem carga horária normal na empresa”, explicou.

Quando perguntado sobre o resultado da inclusão na qualidade de vida dos alunos, a psicóloga afirma que as mudanças são visivelmente notáveis. “Hoje eles têm vínculos de amizade, houve melhora na expressão corporal, na postura, na autoconfiança, no amadurecimento. Além disso, mexeu com toda a estrutura familiar, antes os pais dos alunos eram resistentes à ideia, hoje eles agradecem”, relatou.

E antes da inclusão, há todo um processo de estudo da empresa, para ver se realmente existem condições de inserção e se o aluno terá um bom acolhimento no local de trabalho. “Somos bem criteriosos. A empresa que temos parceria, por exemplo, é muito humana, se preocupa, realmente, com a inclusão da pessoa com deficiência no seu pessoal, dá liberdade em seu setor de RH e mantém uma parceria muito grande entre a empresa e a APAE”, finalizou.

Direito

A inclusão é garantida pel artigo 93 da Lei 8.213, de 1991, da Previdência Social, por meio de cotas. Ela obriga empresas do setor privado, com 100 ou mais empregados, a destinar de 2% a 5% de suas vagas a pessoas com deficiência. Ainda, segundo a ONU, “o meio deve se adaptar à pessoa com deficiência intelectual, reconhecendo que ela possui outras inteligências – não apenas a lógico-matemática, mas inteligências múltiplas – e que ela deve ser aceita e reconhecida pela sociedade”.


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